Materiais:
Enviada em: 15/05/2019

Em sua obra “Cidade e as Serras", o escritor português Eça de Queiroz louva a quantidade de tecnologia inserida no cotidiano dos indivíduos no início do século XIX. No entanto, com o crescimento demográfico exacerbado e a necessidade atroz de dinamização do tempo, o excesso de tecnologia vem sendo cada vez mais nocivo. Desse modo, tal problemática de mobilidade urbana é inconcebível e merece um olhar mais crítico de enfrentamento.    Em primeiro lugar, é válido reconhecer como esse panorama supracitado é capaz de ampliar catástrofes ambientais. Acerta disso, é pertinente trazer o discurso do bacteriologista alemão Paul Ehireh, no qual ele afirma que o ser humano está cortando o próprio galho onde está sentado. Assim, sabendo que o aumento da frota de veículos a combustão - causada pela macrocefalia das metrópoles urbanas - agrava condições como a qualidade do ar e o efeito estufa, é ponto pacífico convir que as implicações nocivas à humanidade são acarretadas pela própria humanidade. Logo, os próprios indivíduos que utilizam veículos domésticos se prejudicam, pois é a saúde deles e o mundo onde eles vivem que são dirimidos.    Em segundo lugar, vale salientar que os problemas de mobilidade urbana são causados, em prioridade, pela necessidade constante de controle do tempo na pós-modernidade. Isso porque, de acordo com Zigmunt Bauman, a contemporaneidade está associada a valores líquidos, ou seja, a rapidez buscada é inata a relações de interesse pelo capital e não por laços afetivos ou por relações mais cordiais com o planeta. Por fim, seria negligente não notar que os problemas acarretados com a macrocefalia de veículos e a necessidade constante de rapidez esbarram nas relações humanas pós-modernas que são relações de interesse.   Portanto, medidas são necessárias para mitigar essa problemática. Para tanto, é mister que o Ministério da Educação inicie, já na socialização primária, uma matéria chamada “Sustentabilidade e Cidadania", na qual os alunos aprenderiam sobre os malefícios do uso de veículos a todo instante e também cobrariam das pessoas que os permeiam mudanças nesse paradigma. Ademais, seria de suma importância que, também nas aulas, fosse ensinado a necessidade de se aproveitar a vida com laços fortificados, valorizando não mais a otimização do tempo, mas a necessidade constante de reflexão sobre suas ações e sua influência no mundo. Dessa forma, torna-se concebível uma sociedade com a valorização da humanidade em detrimento da tecnologia exacerbada.