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Enviada em: 21/06/2019

“Fatos não deixam de existir apenas porque são ignorados”, escreveu certa feita o escritor inglês Aldous Huxley. Na senda dessa reflexão, compreende-se que a não compreensão e aceitação dos problemas na mobilidade urbana brasileira por parte da sociedade e do Estado manifesta a ignorância da sociedade. Tal conduta é nociva e deve-se não só a falta de estudos e estruturas para o transportes alternativos por parte dos poderes estaduais e municipais como também a supressão do direito a segurança.        A priori, faz-se importante uma análise diacrônica do tema. De tal maneira, constata-se que a carência de investigações por parte do Poder Público é reflexo de um processo histórico. Ou seja, a sociedade segue com excessiva dificuldade em criar estruturas de curto, médio e longo prazo no trasporte alternativo, tal como o desenvolvimento centrado apenas no transporte rodoviário que aconteceu no governo de Juscelino Kubitschek. Prova disso é a alta demanda pelo modal de trasporte rodoviário no Brasil. Dessa forma salienta-se a persistência da ignorância juntamente com questões mais contemporâneas, como o descuido com os modais ativos de trasporte: bicicletas e o deslocamento a pé.     Outrossim, o medo por parte da população com os modais coletivos de transporte é uma conjuntura que precisa ser analisada por um prisma socioeconômico. De tal modo, compreende-se a relevância da falta de investimento em segurança pública. Tal realidade é ratificada ao se destacar os assaltos e latrocínios que acometem a população diariamente nas ruas e nos trasportes coletivos. Desse modo, o indivíduo passa a priorizar cada vez mais o trasporte privado ocasionando em mais congestionamento como também poluição sonora e atmosférica. Por essa razão, urge a necessidade de elaborar medidas que lidam com insegurança.    Consoante poetizou João Cabral, “um galo sozinho não tece uma manhã”. Tomando como norte esse verso, para combater os problemas na mobilidade urbana do Brasil , são necessárias ações conjuntas de todo o corpo social. O poder publico, representante do interesse comum, precisa cumprir seu papel ao integrar os modais de trasporte, por meio de parcerias público-privada criando projetos nas cidades e nos bairros, para assim criar uma maior fluidez no trânsito entre pedestres, ciclistas e motoristas. O Congresso Nacional, por seu turno, deve legislar sobre meios de investir e garantir a segurança pública, uma vez que a ele cabe fiscalizar e implementar leis. Para que, desse modo, os fatos deixem de existir.