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Enviada em: 25/04/2019

A célebre frase de Simone de Beauvoir  "não se nasce mulher, torna-se mulher" diz muito sobre os papeis de gênero, os quais não são naturais, mas construídos socialmente e, por isso, estão em constante mudança. Nesse sentido, pode-se observar a participação da mulher no mercado de trabalho, que tem aumentado nos últimos anos, mas ainda enfrenta dificuldades. Isso se deve a um fator cultural cujo machismo é operante, a uma ineficiência estatal e a uma falta de atitude das empresas, que abre espaço para que essa situação aconteça e ameace, inclusive, o caráter democrático do Brasil.       A princípio, é necessário discutir sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres dentro do ambiente de trabalho. Desse modo, é comum que elas convivam com piadas machistas, com interrupções frequentes em reuniões, com falta de credibilidade e também com o chamado "bropriating": apropriação de algum homem sobre uma ideia criada por uma mulher. Tais fatos constituem assédio e são pequenas violências que, quando não cessadas, podem culminar em agressões mais sérias. Nesse contexto, de acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha, 15% das mulheres já sofreram assédio no trabalho, número que pode ser maior, visto que muitas não chegam a denunciar por medo ou ameaças. Percebe-se, então, que o ambiente de trabalho não se mostra seguro às mulheres, o que prejudica sua presença no meio e seu rendimento laboral.       Sob outro aspecto, fora do local físico de trabalho, o gênero feminino conta com mais empecilhos. Um deles se refere à diferença salarial, a qual, segundo uma pesquisa do site de empregos Catho, abrange todos os cargos e áreas e pode chegar a 52%. Tal dado demonstra o preconceito que as mulheres enfrentam em suas carreiras e como seu trabalho é desvalorizado. Essa desigualdade dificulta a ascensão delas nas empresas, desmotiva e fere o caráter democrático do país, pois, de acordo com a filósofa Marilena Chauí, democracia pressupõe participação, igualdade e liberdade de todos em qualquer esfera social, o que não é observado com as mulheres no mercado de trabalho.       Fica claro, portanto, que medidas devem ser tomadas para amenizar esse problema. Por isso, é dever das empresas criarem um setor específico para lidar com questões de assédio. Isso pode ser feito com uma equipe de R.H. que promova treinamentos com todos os membros por meio de palestras e dinâmicas de grupo de modo a incentivar a denúncia e também a impedir casos de assédio. Ademais, cabe ao Ministério do Trabalho criar uma diretriz que exija dos estabelecimentos, sob pena de multa e sanções, a equidade salarial. Assim, a mulher brasileira poderá se firmar no mercado de trabalho e os padrões de gênero citados por Beauvoir poderão se tornar mais justos.