Materiais:
Enviada em: 06/05/2019

A filósofa francesa Simone de Beauvoir estudou a influência da sociedade patriarcal nas expectativas sociais impostas às mulheres durante a história, por isso, disse que ninguém nasce mulher, mas por meio da criação do papel de gênero, torna-se mulher. No entanto, essa mentalidade tem se modificado no século XXI, o que acaba por possibilitar maiores oportunidades de inserção do grupo feminino no mercado de trabalho, ainda que o preconceito histórico e as disparidades de tratamentos atrasem a plenitude dessa conquista no Brasil.   Nesse contexto, é possível analisar que o comportamento da sociedade frente a participação feminina em atividades laborais possui raízes histórico-culturais. A partir da influência da religião católica trazida pela colonização portuguesa, a mulher teve o seu papel limitado a submissão ao marido e realização das tarefas domésticas, não podendo, então, exercer funções administrativas e remuneradas legalmente. Dessa maneira, a ideologia patriarcal se fez presente no cenário contemporâneo, o qual ainda coloca sobre a população mulheril o dever de atender as perspectivas sociais de cuidar do lar e dos filhos, e em consequência, estimula a segregação dessa parcela em relação ao setor de empregos, pela falsa concepção de fragilidade e falta de competência para o trabalho coletivo.   Além disso, o preconceito em relação às funções de homens e mulheres prejudica a posição delas no âmbito econômico e estimula a desigualdade baseada no gênero. Relacionado a isso, uma pesquisa de 2015 do IBGE mostra que a média salarial dos homens supera a das mulheres em aproximadamente mil reais, fato que corrobora para a ampliação da disparidade de tratamento, mesmo que os cargos ocupados e as atividades realizadas sejam as mesmas. Logo, essa realidade apresenta que as relações de trabalho ainda são pautadas nas condições biológicas e limites impostos por ideologias machistas, as quais não levam em consideração a qualificação profissional dos indivíduos.   Infere-se, portanto, que as mulheres ainda enfrentam obstáculos no que tange à sua participação ativa no mercado de trabalho. Desse modo, é imprescindível a ação da mídia televisiva, ao abordar temas direcionados as mudanças da participação das mulheres em diferentes setores, a partir de novelas e séries, para que haja a progressiva desconstrução do que é considerado papel feminino, pelo conhecimento da diversidade e igualdade de gênero. Ademais, os jovens brasileiros podem, por meio de discussões em grupos, levantar a pauta da desigualdade no setor de empregos entre homens e mulheres, a fim de mostrar a realidade a população que não tem acesso a esse conhecimento e permitir maior abertura para que o setor feminino adquira o empoderamento necessário para não se tornarem mulheres segundo um papel definido e limitado.