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Enviada em: 19/05/2019

Durante a Segunda Guerra Mundial, o trabalho feminino obteve ascensão, uma vez que muitos homens estavam na frente de batalha. Aquele período foi um marco para a emancipação feminina, pois possibilitou o início de sua consolidação no mercado de trabalho. Embora o fosse cenário benéfico, o espaço por ela conquistado era precário e injusto, basta ver a má remuneração e o mantimento de uma jornada dupla. Nesse contexto, no Brasil, tais dificuldades ainda são enfrentadas pelas mulheres e a dominação masculina atrelada com a forma da inclusão impedem a sua estabilização no mercado.     A priori, a dominação masculina enraizada contribui para a dicotomia nas relações trabalho. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, tal dominação é tomada como natural e, assim, os meninos são criados para ocuparem cargos superiores e as meninas, para aceitarem o que lhe foi imposto. Nesse sentido, o trabalho feminino é visto como subalterno e que agrega menos seriedade, já que profissionalismo e competência são características ditas masculinas. A título de exemplificação, nota-se a fala do senso comum, a qual a secretária está para o chef executivo, compreendendo sempre a posição inferior pertencente às mulheres. Dessa forma, devido à dominação posta como natural, as grandes empresas preferem empregar homens para cargos de alto escalão e as mulheres para cargos desvalorizados e que apresentam baixa remuneração.    Além disso, o preconceito relacionado a divisão do trabalho dificulta a inserção das mulheres no mercado. Isso pois, a identidade feminina é formada a partir do papel reprodutivo e relacionado ao ambiente doméstico. Assim, entende-se que enquanto os homens apresentam o trabalho como principal preocupação, a mulher busca cuidar da casa e da família e, em segundo plano, o trabalho. Parafraseando a pensadora brasileira Heleieth Saffioti, as mulheres servem de mão de obra barata na lógica capitalista, pois são menos valorizadas e sua renda é vista como secundária dentro de casa. Como consequência, para acessar o mercado de trabalho, a figura feminina tende a enfrentar uma jornada dupla, visto que suas atividades domésticas não são vistas como um tipo de serviço.    Portanto, é mister que o Governo proponha soluções que acelerem a inserção feminina no mercado de trabalho de forma igualitária. Para reverter a dominação masculina enraizada, o Ministério da Edudacação e Cultura deve promover o debate sobre igualdade de gênero nas escolas, por meio da capacitação dos professores, a fim de ensinar desde de cedo o verdadeiro significado de democracia. Ademais, o Governo deve aumentar a licença paternidade, por meio de políticas públicas, a fim de que os homens sejam instigados a terem papel mais ativo em casa e sirvam de exemplo para os debates escolares. Destarte, só assim a conjectura do mercado de trabalho no pós-guerra será mais igualitária.