Materiais:
Enviada em: 18/05/2019

O Primo Basílio, romance de Eça de Queiroz do século XIX, compõe um quadro da vida doméstica da  personagem Luíza e sua vida na burguesia como esposa, mantida na esfera privada do trabalho e  preparada, exclusivamente, para o cuidado do lar. Nesse contexto, embora a inserção do capitalismo na  sociedade tenha permitido a desmistificação da presença feminina  frente à esfera pública, a  hierarquização do trabalho formal e a permanência das tarefas domésticas à mulher fomenta a  persistência da desigualdade, sobretudo pela ineficiência estatal e imposição da cultura do sexo frágil.     Primeiramente, é incoerente o discurso da cultura de determinação biológica e inaptidão do trabalho da mulher diante da garantia constitucional do livre direito ao trabalho igualitário. A esse respeito, o sociólogo Zygmunt Bauman conceituou as "instituições zumbis", caracterizadas pela perda do Estado de sua função social, embora mantém - a qualquer custo - sua forma. Nesse viés, evidencia-se a inércia governamental e social ao incentivo de políticas midiáticas que fundamentam a importância da figura feminina no mercado de trabalho, culturalmente apresentadas como incapazes de exercer o serviço do homem, mediante gravidez e sintomas do ciclo menstrual. Dessa forma, enquanto o contexto de hierarquização do trabalho quanto ao gênero se mantiver, a valorização da mão de obra feminina continuará negligenciada.    De outra parte, o reconhecimento da mulher como base ao desenvolvimento do país ainda é  insuficiente. Nesse direcionamento, observa-se a presença marcante do ingresso das jovens nas universidades e seu alto interesse no aprendizado, conforme pesquisa do Inep, em que elas representam 57% do total de graduantes do país, de maneira a afirmar seu crescente grau de instrução e potencial. Prova disso, a foto comprovada de um buraco negro, sinônimo de grande avanço á comunidade científica, foi baseado no algoritmo desenvolvido pela pesquisadora Katherine Bouman, fundamental para a realização desse projeto. Ademais, os destaques femininos em diversos setores trabalhistas ainda é mínimo, tendo sua capacidade de instrução e realização de serviços testada diariamente, de maneira que pouco menos de 43% da população economicamente ativa são mulheres.    Destarte, urge a primordialidade de ações governamentais que visem mudar esse cenário. Para isso, convém ao Ministério Público Federal, com o MEC, intensificar o estudo do destaque  de mulheres notórias e fundamentais pela disciplina de História, de modo a atribuir a mesma  capacidade e direito do homem ao trabalho e educação. Por conseguinte, é imprescindível que o  Estado assegure o direito de assalariamento igualitário através de metas anuais de aumento  percentual do salário feminino, a fim de negar a inferioridade de gênero e preservar a mulher brasileira no mercado de trabalho.