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Enviada em: 21/05/2019

Augusto Cury, psiquiatra brasileiro, define como o fenômeno de psicoadaptação a incapacidade da emoção humana de reagir na mesma intensidade frente à exposição do mesmo estímulo. Com base nessa lógica, Cury permite a reflexão, nos dias atuais, sobre a aceitação da sociedade diante da situação feminina no mercado de trabalho. Desse modo, cumpre destacar que a mulher lida, diariamente, com o preconceito que a impossibilita de desfrutar de forma igualitária o acesso ao trabalho, oriundo de um processo histórico preconceituoso que ainda persiste na contemporaneidade.    Sabe-se, a princípio, que o papel da figura feminina esteve limitado as atividades domésticas. Contudo, esse "tabu" foi quebrado  com o advento da Revolução Industrial, no fim século XVIII, processo o qual demandou uma enorme quantidade de mão-de-obra para atender a crescente indústria. No entanto, embora tenha havido a inserção da mulher no mercado de trabalho, outrora ocupado apenas por homens, percebeu-se a imposição masculina durante todo o processo histórico. Com isso, hoje, torna-se evidente a "luta feminina" pela efetivação da igualdade de direitos em uma sociedade marcada pelo preconceito enraizado e que ainda  caminha a passos lentos pela efetivação da isonomia.    Nesse contexto, outro fator que tem dificultado a equidade de gênero no trabalho é a persistência do sentimento de superioridade machista. Nota-se, então, que a disparidade salarial entre homens e mulheres, embora haja a ocupação de cargos iguais, ocorre devido à herança cultural, trazido, por exemplo, da Idade Média, período o qual o papel tradicional dito pela sociedade limitava as ações femininas ao trabalho doméstico, não permitindo sua participação em cargos sociais importantes. Desse modo, evidencia-se que o "Estado democrático de direito", garantido constitucionalmente,  está apenas no plano das ideias, já que não é aplicado de fato.    Infere-se, portanto, que medidas são necessárias. Destarte, para que a igualdade de gênero seja posta em prática, cabe ao Estado criar projetos de leis que garantam a equidade salarial na ocupação de cargos iguais e, também, incentivos para uma maior participação da mulher no mercado de trabalho, tendo em vista "quebrar o tabu" de inferioridade associado à figura feminina, mas também romper com o esteriótipo que delimita sua participação apenas ao trabalho doméstico. Espera-se, com isso, que a sociedade possa sair do estado de psicoadaptação proposto por  Cury.