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Enviada em: 13/06/2019

Sócrates, na obra “A República” de Platão, contrastante em relação aos demais cidadãos da antiguidade, já defendia a igualdade entre homens e mulheres na cidade ideal, reconhecendo o caráter virtuoso de um sem desmerecer o outro. Em diferentes momentos da história, de modo gradativo, as mulheres conquistaram seu devido espaço na vida pública e, embora tal processo tenha sido exitoso em muitos aspectos, o sexo feminino ainda enfrenta desafios diários, tanto pela rotina exaustiva suportada quanto pela discriminação residual presente nas relações de trabalho. Por isso, torna-se necessária a análise das consequências decorrentes desses entraves na vida da mulher brasileira.  Primordialmente, urge reconhecer a dupla jornada pela qual as mulheres passam. Nesse contexto, seus papéis se estendem para além do profissional já que após o expediente, em muitos casos, precisam dar conta das tarefas do lar e/ou dos filhos. Este cenário coloca em evidência o estigma preservado na contemporaneidade, também pontuado na canção “Mulheres de Atenas” de Chico Buarque, de que indivíduos do gênero feminino são tidos como os únicos responsáveis pela administração do lar e da família. Além do mais, esse excesso de afazeres é preocupante, pois é a principal porta de entrada para distúrbios psicológicos causadores de exaustão física e emocional incapacitantes.  Outro fator a ser discutido é o tratamento sexista reproduzido no ambiente laboral. Nesse sentido, muitas mulheres têm suas ideias abafadas dentro de empresas ou recebem salários inferiores ao dos colegas do gênero masculino, mesmo na situação de ambos os sexos ocuparem cargos equivalentes e executarem funções idênticas. Tal aspecto clarifica que a inaceitável postura discriminatória em relação à mulher permanece nesse setor. Sendo assim, esse comportamento impossibilita a sociedade brasileira de se beneficiar de forma plena do potencial de todos os seus componentes e contribui para a retardação da compreensão adequada a respeito do feminino no imaginário social.  Depreende-se, portanto, que medidas são necessárias para amenizar esses problemas. Para tanto, é dever da Organização Mundial da Saúde, por intermédio de campanhas online, alertar a população brasileira acerca das consequências psicológicas negativas do excesso de incumbências na rotina feminina, com vistas a disseminar a importância da saúde mental da mulher. Somado a isso, a mídia, com a participação de empresárias, mães e psicólogas, deve elaborar propagandas de conscientização, veiculadas na TV e em redes sociais, referentes à imprescindibilidade da presença das mulheres no mercado de trabalho, promovendo não só a ampliação do respeito para com as demandas e capacidades desse grupo, como também a compreensão a respeito das adversidades presentes no dia a dia das que trabalham fora e cuidam do lar.