Materiais:
Enviada em: 12/10/2019

O sociólogo francês Émile Durkheim retrata a coercitividade dos fatos sociais, isto é, a força com que os padrões sociais são impostos aos indivíduos. Nesse sentido, as pessoas sofrem com a exigência de comportamentos preestabelecidos pela sociedade, como ingressar no mercado de trabalho e se qualificar. No entanto, é necessário ponderar que há falta de oportunidades e, em razão disso, existe a "geração nem-nem": jovens que não estudam, tampouco trabalham. Esse problema acontece, principalmente, em virtude da falta de perspectiva e de problemas relacionados à renda.     É preciso considerar, antes de tudo, que a ausência de perspectiva é um agravante dessa situação no Brasil. Nessa direção, Zygmunt Bauman, filósofo polonês, afirma que os indivíduos estão vivendo, atualmente, os tempos líquidos, que se caracterizam pelo imediatismo. Desse modo, as pessoas, por não possuírem uma visão a longo prazo, não apresentam uma perspectiva para o futuro, o que provoca a falta de interesse em não estudar. Além disso, o insuficiente número de vagas de emprego piora esse quadro, uma vez que os jovens ficam, além de desempregados, sem expectativa de adentrar no mercado de trabalho e, consequentemente, optam em não realizar, por exemplo, uma graduação.     Outrossim, é tácito que a condição econômica  proporciona o aumento do número de pessoas que compõem a "geração nem-nem". Sob tal ótica, os jovens que não dispõem de uma condição econômica suficiente para se sustentar na universidade são forçados, muitas vezes, a obterem emprego. No entanto, devido à falta de capacitação, vários desses indivíduos não conseguem um ofício, o que gera um ciclo vicioso de não estudar e, por causa disso, não trabalhar. Soma-se a isso a questão do gênero, na medida em que as mulheres, ao tentarem se inserir no mercado de trabalho, deparam-se com diversos problemas, como, em muitos casos, a preferência das empresas em contratarem homens.     Portanto, é contundente a necessidade de medidas para diminuir, no Brasil, o alto número de jovens que não estudam e não trabalham. Destarte, o governo deve estimular a criação de empregos, mediante o incentivo à criação de obras públicas, a fim de garantir aos indivíduos uma alternativa para adentrarem no mercado de trabalho e terem uma perspectiva positiva do futuro. Além disso, o governo deve investir mais em auxílios aos estudantes. Para isso, ele poderia, por meio de uma análise meticulosa dos gastos públicos, disponibilizar mais verbas para órgãos de fomento à educação, como o CNPq, de modo a oferecer à população a possibilidade de se dedicarem aos estudos e se qualificarem. Com isso, a coercitividade dos fatos sociais, apresentada por Émile Durkheim, seria atenuada, já que os jovens teriam oportunidades tanto para estudar, quanto para trabalhar.