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O filme estadunidense “Cisne Negro” relata a história de uma jovem bailarina que sofria de esquizofrenia, um distúrbio que afeta a capacidade de a pessoa ver com clareza a realidade, gerando visões distorcidas a seu respeito. No decorrer dessa trama, é possível perceber a coerção social existente sobre a jovem, pois seu maior desejo era alcançar a “perfeição” padronizada pela sociedade em que ela estava inserida. Isso, porém, não é um fator característico apenas da ficção, já que no mundo contemporâneo, as doenças mentais estão presentes em todo globo. Dessa forma, é imprescindível que haja o debate sobre as psicopatologias, a fim de garantir o bem-estar social. Em princípio, verifica-se que ainda ocorre a banalização das doenças mentais na sociedade contemporânea, que se deve pelo preconceito que as cerca. Esse fato foi documentado por Daniela Arbex, em seu livro “Holocausto Brasileiro”, em que ela reproduziu casos de um hospital em Minas Gerais que, no decorrer da década de 1960, internava pessoas com doenças mentais e lá eram abandonadas pelas famílias e tratadas de formas desumanas. Ademais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, hoje, no Brasil existem 23 milhões de pessoas que convivem com algum transtorno mental. Uma vez que a sociedade as trata com descaso, o tratamento adequado não é realizado e, como toda doença, o quadro tende a agravar cada vez mais. Como conseguinte, o quadro de depressão, ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia, quando não tratados, podem levar ao suicídio. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, o suicídio é sempre uma consequência dos fatores sociais, que vêm a ser a força ou o poder com o qual os padrões impostos pela sociedade podem gerar influência sobre o indivíduo. Assim, as manifestações ocasionadas pela fluidez do mundo são responsáveis pela grande cobrança realizada sobre cada pessoa dentro de uma sociedade, que podem acarretar em uma sobre pressão com a qual o cidadão não sabe lidar, buscando formas de conseguir uma fuga da realidade, que, em diversos casos, só é encontrado com a morte. Logo, não há como negar que o debate a respeito das doenças psicológicas é de fundamental importância para a conformidade social. Então, cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, levar o ensinamento a respeito dessas enfermidades para as salas de aula em todo território nacional, da mesma forma como são ensinadas outras patologias causadas por bactérias, por exemplo, a fim de gerar conhecimento e eximir o preconceito. Além disso, deve garantir auxílio de profissionais da saúde dentro dos colégios, promovendo maiores conversa com os alunos, e também convidar pais e familiares a se juntarem às crianças, para, além de despertar maior interesse dos jovens, garantir que essa nova forma de coerção desenvolva um novo olhar sobre o “cisne negro”.