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Enviada em: 04/04/2017

Em 517 anos de Brasil, houve diversos períodos em que as doenças mentais foram consideradas sinônimos para demência e invalidez. A criação de manicômios e a utilização de terapia de choque, no começo do século XX, mostram que o despreparo para tratar corretamente as psicopatologias pode levar à morte de muitos inocentes, como ocorreu com mais de 60 mil cidadãos na época. Hoje, observa-se que, apesar de diagnosticadas cada vez mais cedo, a falta de esclarecimento sobre essas enfermidades impacta, negativamente, no desenvolvimento da sociedade brasileira.       Primeiramente, a maior participação das escolas na vida dos jovens tem contribuído para o diagnóstico preciso das doenças mentais em parcela da população. A instauração do acompanhamento psicopedagógico com a Reforma Psiquiátrica Brasileira, desde 2001, viabilizou o maior contato dos profissionais da saúde com os alunos, facilitando o reconhecimento de determinados sintomas no cotidiano destes. Com isso, foi possível identificar casos de depressão e síndrome do pânico em cerca de 11% da juventude do país, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.       Em segunda análise, as classes sociais, particularmente a baixa, ainda sofrem com a não elucidação das psicopatologias. Como afirma estudo recente divulgado pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade, os transtornos mentais, associados à fatores como baixo nível de instrução e dificuldades de acesso aos serviços de saúde, podem levar à depressão e ao suicído, que estão entre as três maiores causas de óbito na faixa etária entre 15 e 29 anos. É imprescindível, então, que o debate sobre essas doenças seja efetivamente estabelecido entre os cidadãos, por meio de ações conjuntas entre o governo e a sociedade civil.             Por conseguinte, urge que haja a maior integração entre os Ministérios da Saúde e do Trabalho, de modo que psicólogos e psiquiatras estejam presentes em todas as empresas para atuar no reconhecimento dos sintomas referentes às doenças mentais, como ocorre com os jovens nas escolas, facilitando o acesso à seus respectivos tratamentos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde. Ademais, o veículo midiático e a iniciativa privada, em parceria com as instituições de ensino, devem promover, por meio de campanhas e palestras, o esclarecimento sobre as psicopatologias e suas consequências no desenvolvimento de nossa sociedade, mostrando como o debate é benéfico para a construção de um Brasil plenamente igualitário.