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Enviada em: 10/04/2017

A situação dos portadores de doenças mentais tem mudado drasticamente nas últimas décadas devido à reformas no campo assistencial e nos sistemas de saúde, que foram regulamentadas com a promulgação da Lei 10.216/01. Tais reformas não bastaram, entretanto, para uma desconstrução profunda dos estigmas, preconceitos e atitudes sociais e, tampouco, proporcionaram atendimento adequado e capacitado às diferentes situações psicológicas. Diante disto, há a necessidade de debates e diálogos, com vários setores sociais visando modificar o pensamento popular e buscar estratégias de aperfeiçoamento e capacitação da rede assistencial de saúde mental.       Esta rede de auxílio psicossocial, criada no contexto de mudanças na abordagem das psicopatologias, tem gerado críticas em sua estrutura, organização e no preparo de profissionais. Embora a reforma psiquiátrica, regulamentada por lei, haja suscitado concepções de humanização no tratamento dos pacientes e reconhecimento destes como indivíduos de direitos, ainda persistem precaridades nas estruturas físicas e insuficiência nos serviços dos ambulatórios e centros de assistência, além da inaptidão de abordagem dos técnicos em saúde mental.            Soma-se a isto todo o discurso presente na mentalidade popular, cuja visão sobre a doença mental apresenta-se estereotipada, caracterizando o indivíduo afetado como alguém perigoso, incapacitado e transgressor de normas morais sociais. O estigma gerado por tais preconceitos causam uma atitude conservadora de patologização do paciente e de preocupação com a neutralização da enfermidade, e não o bem-estar e a dignidade do sujeito que sofre. Além disso, a exclusão do convívio social e o consequente isolamento do indivíduo enfermo aumentam seu sofrimento e muitas vezes agravam o quadro clínico.              Ante esse quadro da saúde mental no Brasil, há de se estabelecer vários planos de atuação e diálogo dentro da reforma psiquiátrica, com a sociedade como agente ativo e deliberativo na formulação de comitês e políticas públicas. Um dos planos, o educacional, pode haver a obrigatoriedade de realização de projetos e exposições em universidades, escolas e locais de debate público para a difusão da informação em saúde mental. Já no campo assistencial, há a precisão de criação de planos assistenciais, ampliação das redes e centros de saúde mental e reforço do financiamento às reformas.