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Enviada em: 07/04/2017

Ao afirmar que o novo sempre despertou perplexidade e resistência, o psicanalista Sigmund Freud explicitava uma perspectiva que ultrapassa os conteúdos específicos da psicologia, podendo ser observada até mesmo nas discussões sociais. Nesse sentido, pode-se observar o bloqueio populacional em debater acerca das doenças mentais, posto que essas são subjugadas em detrimento às físicas. É perceptível, todavia, a real necessidade de discutir essas patologias, porquanto os fatores responsáveis por incrementá-las - como a rotina dos indivíduos e o aumento da população idosa - são cada vez mais relevantes.      Em primeiro plano, é necessário ressaltar o destaque do atual modo de vida dos cidadãos no surgimento de doenças mentais. O cotidiano intensamente agitado dos indivíduos - repleto de cobranças excessivas, deslocamentos desgastantes e inadequações nos períodos de sono - fomenta a degradação cerebral diária, uma vez que os níveis de estresse são constantemente altos. Por conseguinte, tem-se o aumento da emergência de doenças como a depressão e os distúrbios de ansiedade, que são, geralmente, desprezadas pelos indivíduos, o que incrementa a problemática.      Vale citar, ademais, o crescimento da população de idosos como um fator relevante no aumento dos índices de distúrbios mentais. Pesquisas recentes do departamento de medicina da UFMG explicitaram o potencial aumento na incidência de patologias cerebrais à medida que os indivíduos envelhecem. Segundo especialistas da instituição, o índice de demência pode aumentar de 3%, em pessoas de 65 a 69 anos, para 33% em cidadãos com idade superior a 90 anos, o que permite inferir que um em cada três idosos pode desenvolver doenças como o alzheimer. É perceptível, com isso, a importância de discutir medidas preventivas, já que o envelhecimento populacional é uma realidade em todo o planeta.      Torna-se clara, portanto, a grande necessidade da ocorrência de debates acerca das doenças mentais, porquanto os fatores responsáveis por incrementá-las são explicitamente observados na população atual. Em vista disso, o Ministério da Educação - juntamente às ONG's educativas - deve propor projetos capazes de incitar a discussão sobre as referidas patologias, por meio de aulas e palestras mensais nos bairros que possam mostrar aos alunos e às famílias a importância dos cuidados com a saúde mental em meio ao cotidiano agitado . Adicionalmente, o Ministério da Saúde deve realizar parcerias público-privadas com a mídia e as empresas administradoras dos hospitais, com o intuito de difundir a importância de exames preventivos à medida que a população envelhece, para que os distúrbios sejam diagnosticados a tempo de serem tratados de maneira eficaz. Dessa forma, a longo prazo, a resistência citada por Freud reduzirá e as doenças mentais terão a relevância que merecem.