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Enviada em: 15/04/2017

O diálogo é sempre o primeiro passo.    Em 2009, a autora Glória Perez, através da exibição de sua telenovela Caminho das Índias, contou a história de um jovem personagem que sofria de um transtorno mental grave: a esquizofrenia. A trama sobre Tarso, evidenciava um ponto crucial no desenvolvimento da doença, a crescente negação em aceitar o distúrbio por parte da família e como consequência, a omissão na busca do tratamento.  Tal fato, transparece a dificuldade do seio familiar, bem como da sociedade, em discutir os assuntos relacionados ás doenças mentais, e por isso, como foi no caso de Tarso, ocorre o retardamento da intervenção medicamentosa e a busca por ajuda, também por parte do próprio portador.      O delicado papel da família, ou até mesmo do enfermo, em assumir a existência da doença, provém do quadro clínico ser tratado como tabu. Quando não há diálogo sobre um distúrbio mental ou fisiológico, não se conhece nada sobre a enfermidade, não se sabe como identificar, como proceder na escolha da terapia, não se sabe ao menos, como buscar ajuda. O resultado dessa total ignorância sobre o assunto, é o agravamento do estado clínico do doente que, quando decide procurar um auxílio profissional, muitas vezes, já é considerado um risco para si mesmo. Tal realidade pode ser gradualmente diminuída através do diálogo sobre a doença, não só no âmbito da saúde.         Além disso, ao analisar outras alterações, como a depressão, é perceptível que tal, é evitada como tópico sério entre as conversas sobre o próprio assunto, que já é mais conhecido que outras doenças da mesma natureza. A reputação durante a fase de jovem adulto, é superestimada. Por isso, os portadores mais afetados, que estão nessa fase, para não serem tachados de loucos, bloqueiam qualquer tipo de diálogo do assunto, o que por sua vez, dificulta a participação da família e amigos em intervenções positivas e assim, os depressivos, na maioria dos casos, se isolam, interrompem suas atividades e com frequência se suicidam.       Por fim, para mudar a realidade da doença mental vista como um tabu é necessário a participação de todos na sociedade. O Ministério da Saúde pode desenvolver campanhas que promovam o conhecimento de doenças mentais, a fim de gerar ações preventivas e dessa forma, os familiares amigos ao conhecer sinais da doença, podem intervir de forma positiva em muitos casos. A mídia, no seu papel constante de disseminar informações, como aconteceu na telenovela citada anteriormente, pode continuar a dialogar sobre esse assunto na ficção, e através da verossimilhança, gerar diálogo na realidade. Assim, todos iremos encarar, daqui a alguns anos, a doença mental com outros olhos.