Materiais:
Enviada em: 04/06/2017

"Vivemos tempos líquidos , em que nada é para durar". Nessa assertiva , o filosofo polonês Bauman denuncia o imediatismo e fluidez das relações humanas na modernidade. De fato, o intenso fluxo de informações e estímulos do atual sistema capitalista, por vezes , geram um grande desgaste na saúde mental do indivíduo, acarretando em transtornos do campo psíquico. Nesse sentido, o debate sobre essas doenças é imprescindível, entretanto, no Brasil, essa questão possui entraves de âmbitos social e educacional que precisam ser repensados.    Primeiramente, deve-se pontuar a banalização desse tipo de patologia. Pierre Bourdieu,pensador francês, define "violência simbólica" como a opressão moral e psicológica imposta uma pessoa ou grupo social. Tal conceito é explicito em nossa sociedade pelos estereótipos criados em torno de males como depressão e ansiedade, sendo esses classificados como crises essencialmente passageiras ou mesmo frescura e exagero. Consequentemente , as vítimas , muitas vezes , acabam por deixar de procurar tratamento específico , levando ao agravamento do quadro de muitos brasileiros em virtude de uma pressão social altamente preconceituosa.    Além disso, é preciso ressaltar falhas no atual modelo de ensino. Em sua essência, tal sistema preza que o aluno assimile os conteúdos , impostos de maneira análoga ao fordismo, e reproduza em troca resultados expressivos. Todavia, essa exigência , por vezes, é abusiva frente a saúde mental do estudante , já que a obrigação por boas notas é cristalizada tanto como o que define seu futuro, quanto seu maior objetivo, sobreposto a todo resto das esferas sociais desse grupo. Assim, muitos universitários, vestibulandos e secundaristas são reféns de números que, supostamente, ditam o seu valor dentro da sociedade,sendo a depressão,stress e ansiedades uma constante entre essas pessoas.     A nação , portanto, tem um quadro crítico que precisa ser revertido.Logo , é essencial a atuação do Ministério da Saúde junto a redes sociais,como "Facebook" e "Twitter",com a veiculação de campanhas em video que visem desconstruir o preconceito em torno das doenças mentais, a fim de ratifica-las tal qual patologias graves que precisam de tratamento clínico,melhorando a tolerância social e incentivando a pessoas com sintomas a buscar ajuda. Também é necessária a ação do Ministério da Educação junto aos sindicatos de psiquiatria e psicologia, com a criação de espaços para diálogo sobre a saúde mental dos estudantes , dentro das escolas e universidades , no intuito que essas instituições possam melhor amparar e remediar seus alunos, aumentando o respeito e amparo com seus limites psicológicos. Talvez , assim , por meio dessas medias o debate sobre doenças mentais seja melhor valorizado em nosso território.