Materiais:
Enviada em: 24/03/2019

Segundo Habermas, filósofo alemão, o diálogo e o respeito entre a sociedade e seus representantes políticos são essenciais para efetivar a democracia de uma nação. É nesse contexto que se assenta a importância da participação política da juventude brasileira, a qual - a despeito da Constituição Cidadão de 1988, que prevê o exercício da cidadania e a liberdade de manifestação - não é devidamente respeitada pelas instituições políticas do Brasil, seja pela frequente repressão policial às manifestações juvenis, seja pelo descaso político com essas reivindicações no país. Tais fatos dificultam o engajamento das novas gerações e vilipendia seus direitos.      Diante disso, é indubitável que o despreparo das forças policiais brasileiras para lidar com as massas, esteja entre as causas dessas problemáticas. De acordo com os filósofos liberalistas, como John Locke, é dever do Estado garantir as liberdades - inclusive de expressão - de seus cidadãos. No entanto, observa-se que esse ideal não é adequadamente praticado pelos entes federativos brasileiros, haja vista que são frequentes os casos de violência policial nas organizações juvenis no país - a repressão policial das manifestações de Junho de 2013, no estado de São Paulo, levou à prisão e a lesões corporais graves em jovens manifestantes, segundo o jornal O Globo. Como consequência disso, tem-se a limitação do engajamento político da juventude no Brasil.    Outrossim, o descaso de parte dos representantes políticos brasileiros para com essas reivindicações, agrava tal quadro. Sócrates, filósofo grego, estimulava os jovens atenienses a questionarem sua realidade política e social, sendo condenado à morte por aqueles que temiam e desprezavam essas indagações. De modo símil à história do filósofo, os políticos brasileiros parecem temer e menosprezar os questionamentos da juventude, o que se reflete na escassez de espaços de diálogo entre os representantes e as novas gerações, bem como, no não atendimento das necessidades desse segmento social, frequentemente alijado das decisões políticas do país.        Dessa forma, é mister que o Estado brasileiro tome medidas que fortaleçam a participação da juventude nacional nas políticas do país. Destarte, o Ministério da Justiça e a Sociedade Civil Organizada devem exigir dos entes federativos maior preparo de suas forças policiais e políticas para lidar com as manifestações juvenis, por meio de audiências e reuniões, nas quais se estabeleçam um plano de capacitação policial para lidar com as massas nos estados e municípios, a fim de reduzir a violência histórica nas reivindicações. Por fim, a sociedade e as mídias devem exigir, mediante campanhas publicitárias, maior espaço de diálogo entre os jovens e os representantes políticos. Assim, poderar-se-á efetivar a democracia e o engajamento juvenil, tal como sonhara Sócrates.