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Enviada em: 27/04/2019

Em maio de 1968, na França, ocorreu uma das mais relevantes manifestações populares da história recente: jovens universitários, insatisfeitos com o sistema educacional francês, ocuparam as ruas de Paris e abalaram as estruturas da Quinta República Francesa. Ao traçar um paralelo com o cenário brasileiro, entretanto, percebe-se que a participação política do jovem no Brasil contemporâneo se encontra distante da efervescente e ativa postura dos estudantes francófanos nos anos 60. Dessa maneira, em razão da passividade oferecida pela internet e da falta de identificação com partidos políticos, a baixa atuação política do jovem no Brasil torna-se evidente e problemática.   Em primeiro plano, as redes sociais corroboram o problema, na medida em que se valem do ambiente virtual para dar uma falsa sensação de participação política por meio de ''hashtags'' e ''lives''. Isso pode ser verificado com o aumento de páginas do Facebook como a ''Mídia Ninja'', por exemplo, um coletivo de jovens jornalistas independentes que transmitem ao vivo manifestações populares. Com isso, é criado um ilusório sentimento de atuação na vida política do país, que isenta o indivíduo de estar presente. Essa prática contribui para dar ao sujeito uma conduta passiva, já que a pessoa, no conforto do lar, está apenas sendo bombardeada por imagens, sem participar da mudança efetiva. Dessa forma, a web colabora, nesse quesito, como perpetuadora da inércia do jovem em frente à política nacional.   Ademais, o comportamento de partidos políticos - no que diz respeito ao envolvimento em atos de corrupção - causa uma baixa identificação das siglas para com a população jovem, que deixa, a partir disso, de adentrar à política nacional. Isso se confirma com o levantamento realizado pelo ''Estadão'' em janeiro de 2019 que detectou, entre os anos de 2010 e 2018, a queda de 44% de jovens filiados a partidos. Essas organizações partidárias, ao invés de adequarem-se aos novos tempos e abolir práticas nocivas à nação, continuam a fazer parte da chamada ''velha política''. Na contramão disso, a título de exemplo, foi criado o ''Partido Novo'', sigla que dispensa repasses públicos e, para construir uma nova voz na política brasileira, foca na filiação de jovens.    Logo, a fim de aumentar e incentivar a participação do jovem no Brasil contemporâneo, é necessário que o Ministério da Educação, por meio da inserção da disciplina de ciência política na grades curriculares do ensino médio, determine a oferta de aulas e palestras que tratem, nas escolas, da importância da presença da força jovem em manifestações. Além disso, é preciso que a escola apresente a web como ferramenta de apoio, e não como meio definitivo de mudança. Somado a isso, os partidos políticos devem traçar planos estratégicos que visem um alinhamento com os ideais da juventude. Assim, o jovem poderá, com sucesso, ser um agente de transformação no Brasil.