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Enviada em: 06/06/2019

Na década de 80, o Brasil viu uma geração que cresceu em meio à ditadura se levantar e lutar pelo direito de participar politicamente na vida do país por meio do voto. Esse movimento viria a ser conhecido como “Diretas já”, que, apesar de não ter atingido seu objetivo principal à época, tornou-se um marco da nossa ainda recente democracia. Alguns, contudo, dizem que, pela forma como os jovens do século aparentemente tratam o voto, foi uma batalha em vão. O questionamento que se faz hoje é se eles realmente não se importam com a política ou se estão recriando o modo de fazê-la.       Em primeiro lugar, precisamos levar em consideração que há um enorme descontentamento com relação à participação pelo voto em muitas democracias pelo mundo. No Brasil, em especial, o momento de crise em diversas esferas da sociedade aponta para uma falência do modelo tradicional de participação política. Segundo dados da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a diminuição da quantidade de adolescentes entre 16 e 18 anos que não votam enquanto não são obrigados é apenas mais uma prova disso. Essa questão, porém, é cultural: fomentada dentro de casa, com famílias que preferem ignorar o assunto a ter discussões críticas sobre o tema, e na escola, que valoriza muito o conteúdo, mas pouco prepara o aluno para a realidade do “ser cidadão”.         Entretanto, é preciso levar em consideração que ser um sujeito ativo politicamente não se restringe a votar. Na verdade, é fazer valer a sua voz dentro do Estado Democrático de Direito. Muitas vezes, aquele que não vota, mas que busca direitos seus e de outros por meio das redes sociais, por exemplo, participa mais que alguém que vai às urnas quando é obrigado, sem acompanhar os reflexos do ato. Nesse sentido, podemos ver uma juventude engajada e participativa, que também vai à luta, às ruas, como nas manifestações de 2013, e, mesmo que em contexto diferente dos jovens das Diretas e das Primaveras pelo mundo, constrói um novo caminho para superar os obstáculos que a tradicional forma de fazer e atuar na política mostram ter.         Dessa forma, portanto, fica claro que, apesar do aparente desinteresse quanto à política, a juventude do século XXI utiliza das ferramentas disponíveis para mostrar a força de sua voz. Contudo, ainda há muito a ser feito para que esse engajamento e essa energia sejam aproveitados em prol da nação. É preciso fomentar o debate e tirá-lo apenas das redes sociais e universidades: política é assunto familiar e deve ser tratado de maneira saudável, que respeite as diferenças. É relevante, também, que o MEC promova  no currículo escolar o ensino  sobre participação, enquanto cidadão, da vida política do país, com discussões, palestras e até eleições internas. Sendo assim, que sejamos como Gonzaguinha, que acredita na rapaziada, pois eles buscam a manhã.desejada.