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Enviada em: 23/07/2019

Política em renovação     O início da década de 80 destacou-se, no Brasil, pelo movimento "Diretas Já", o qual reivindicava a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da República. Reconhecida como uma das maiores manifestações populares já ocorridas no país, teve participação massiva de jovens em busca da abertura política após um longo período de ditadura militar. Entretanto, apesar do papel relevante dessa faixa etária nesse episódio, observa-se, hoje, uma participação política limitada da população jovem no Brasil. O descrédito em relação aos políticos e às formas de participação política tradicionais são as principais causas dessa apatia, intensificada por sua desinformação e o comodismo.         Em primeiro plano, a juventude atual encontra-se em um contexto de maior liberdade de expressão e atuação política em detrimento da geração de seus pais e avós. Contudo, há um descontentamento com o cenário político contemporâneo, marcado por escândalos de corrupção e ineficiência das instituições do poder público, o qual evidencia-se pelos dados do Instituto Datafolha, de junho de 2017, em que mais de 60% dos brasileiros dizem não confiar no Congresso, partidos políticos e Presidência da República. Consequentemente, isso se reflete em um afastamento do meio político, especialmente entre os mais jovens, pois não se sentem representados por aqueles que fazem parte do governo.         De outra parte, é evidente o profundo desconhecimento juvenil sobre as diversas formas de participação política. Desse modo, ainda existe uma crença de que o voto é único meio de atuar politicamente. O sociólogo Manuel Castells, demonstra em seu conceito de sociedade em rede, que a disseminação da Internet e mídias sociais favoreceu a organização de grupos, como os zapatistas no México, que ganharam força e atenção da mídia com protestos virtuais e reais, de modo a desafiar o Estado. Assim sendo, com dedicação, é possível engajar-se de outras formas, tais como acompanhar o trabalho de parlamentares, debater questões relativas a interesses coletivos, cobrar e propor ações que contribuam nesse contexto.             Urge, portanto, direcionar esforços a fim de enfrentar o problema da baixa participação dos jovens brasileiros na política. Cabe, então, ao Ministério da Educação, por meio de treinamentos aos professores, capacitá-los para uma abordagem qualificada do tema, com intuito de informar e, principalmente, incentivar o envolvimento de crianças e adolescentes com as diferentes formas de atuação política, tais como grêmios, representações em conselhos, desenvolvimento de debates sobre temáticas atuais possibilitando que sintam-se inseridos e representados na política nacional.