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Enviada em: 13/08/2019

"Eu ponho fé no pé da moçada, que não foge da fera e enfrenta o leão", os versos da composição "E vamos à luta", do cantor carioca Gonzaguinha, enaltecem a força e a importância da juventude na construção de uma sociedade mais equânime. Todavia, a falta de representatividade jovem na atual conjuntura política brasileira, consequência da fragilidade do voto e da participação indireta dessa faixa etária, corrobora a perpetuação de realidades sociais adversas. Nesse sentido, é imprescindível que a comunidade civil estimule a participação da população, desde os 16 anos, nas decisões públicas do país.     Em primeira instância, a crise de estruturas e organizações políticas brasileiras, atualmente, promove, entre a população mais jovem, um descontentamento com relação à participação nas decisões coletivas pelo voto. Segundo levantamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por exemplo, em 2018, a desilusão política e a falta de identificação com os candidatos provocaram um decréscimo no número de eleitores entre 16 e 17 anos. Para a juventude, a decepção com líderes estadistas e os inúmeros casos de corrupção delatados interferem na configuração do sufrágio como ferramenta eficaz na busca por transformações sociais efetivas.       Outrossim, a nova ordem geopolítica mundial, proposta com o fim da Guerra Fria, possibilitou a difusão da internet e dos meios de comunicação atuais, instrumentos eficazes na promoção de mudanças significativas no que diz respeito à participação política dos cidadãos, especialmente dos mais jovens. Em junho de 2014, por exemplo, integrantes do MPL (Movimento Passe Livre), convocaram a população, através de ferramentas online, a participar de manifestações contrárias ao aumento da tarifa de ônibus, proposto pelo governo de 11 capitais. Contudo, tornou-se frequente, entre a juventude brasileira, a aparição de militantes engajados em campanhas e movimentações virtuais, mas que abstêm-se de protestos e atividades públicas do país.      É evidente, portanto, a necessidade de propor ações que fomentem a participação efetiva dos jovens na política brasileira. A gestão das escolas estaduais e municipais do país, em colaboração com alunos e professores, deve assegurar a realização de eleições internas, que permitam a formação de grêmios estudantis empenhados em representar os interesses coletivos, a fim de disseminar a imagem do voto como ferramenta fundamental na luta por mudanças sociais. Ademais, os núcleos familiares devem estimular o diálogo acerca da importância de, respeitando as diferenças, atuar ativamente nas decisões e realidades públicas do Brasil, de modo a promover valores mais humanos e leis mais igualitárias.