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Enviada em: 19/08/2019

Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 25% da população brasileira é ocupada por jovens de 15 a 29 anos. No entanto, o engajamento político dessa parcela da sociedade não é proporcional ao seu número, uma vez que a participação efetiva desse grupo nas tomadas de decisões do país não é suficiente. Desse modo, é importante analisar como a falta de identificação com a configuração política contemporânea e a defasagem do sistema de educação influenciam no aprofundamento desse distanciamento.         Convém ressaltar, a princípio, o consagrado filósofo do século XIX, Nietzsche, que em suas obras abordava a crise das diversas noções que guiam a vida civilizada - liberalismo, socialismo,positivismo, cristianismo. Dessa forma, no que diz repeito ao contexto contemporâneo, muito se observa um paralelo a essa descrença nas instituições, principalmente, pela camada mais jovem, visto que a configuração clássica de política não se torna atrativa em uma sociedade, cada vez mais, conectada, tecnológica e adepta ao instantâneo. Com isso, práticas políticas obsoletas acabam por afastar a juventude das discussões nacionais e perpetuam o sistema conservador, elitista e ineficaz na resolução das demandas sociais atuais. Essa realidade pode ser observada nos dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que apontam queda de 15% dos eleitores jovens nas eleições de 2018.           Além disso, é válido salientar a falta de políticas públicas que incentivem discussões de cunho político nas escolas brasileiras. Nesse sentido, a reforma do ensino médio, projeto de 2016, que tinha como umas das propostas a possibilidade de exclusão de disciplinas como filosofia e sociologia, que fomentam a construção do senso crítico e político do cidadão, da matriz curricular, traz à tona a ânsia estatal em impulsionar a formação de jovens apolitizados e  avessos as decisões de interesse público. Assim, o pouco ou quase nulo conhecimento oferecido a essa etária impossibilita a construção de um caráter ativista e reivindicador no jovem e permeia a permanência de um sistema de cidadãos passivos e alheios aos seus direitos.         Portanto, fica claro que a participação política dos jovens brasileiros precisa ser ampliada. Para tanto, é imprescindível o papel da escola, como uma das instituições responsáveis pela formação cidadã, incluir nos cronogramas de aulas das disciplinas de ciências humanas palestras, debates e oficinas sobre educação política, a fim de aproximar essa temática aos estudantes adolescentes e desenvolver o engajamento e o senso crítico. Pois, é nesse caminho que a sociedade será formada por uma parcela jovem proativa politicamente.