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Enviada em: 19/08/2019

De acordo com o conceito “Zoon Politikón”, cunhado pelo pensador grego Aristóteles, a política é uma necessidade inata do ser humano, pois, por meio dela, ele desenvolve o seu senso crítico e alcança à felicidade. Partindo dessa premissa, entende-se a relevância dessa prática milenar para a construção e o equilíbrio de uma sociedade. Apesar disso, ao se analisar a contemporaneidade brasileira, nota-se um elevado desinteresse da comunidade jovem por assuntos com essa temática, e isso é alarmante. Desse modo, a fim de reverter esse cenário, fatores como a alienação familiar quanto à gestão pública e a falta de estímulo ao debate político nas escolas devem ser colocados em pauta. A príncipio, convém pontuar que, devido ao instável contexto governamental brasileiro do século XXI, muitas famílias se desiludiram e adotaram uma postura reativa à questão política. Nesse sentido, embora atitudes como essas sejam compreensíveis, elas também são preocupantes, pois, por serem práticas constantes, tendem a se perpetuar. Sob esse ângulo, destaca-se que, no eixo familiar, um dos principais integrantes prejudicados é o jovem, porque, por não ter a capacidade reflexiva totalmente desenvolvida e por ser bombardeado com falácias e visões distorcidas sobre a administração pública diariamente, essa classe é levada a reconhecer como verdade absoluta as descrenças familiares. Dessa forma, operações da Polícia Federal, como a “Lava Jato”, que possuem o intuito de combater a corrupção e que deveriam ser majoritariamente apoiadas, tornam-se meios para a constatação de percepções deturpadas sobre a política para grande parte da sociedade. Ademais, outro fator que urge ser analisado são as precárias discussões políticas nas escolas. Embora seja o órgão constitucionalmente encarregado de fomentar o raciocínio analítico nos cidadãos e prepará-los para os desafios da vida social, inúmeras instituições de ensino não têm cumprido essa delegação, em função de, geralmente temáticas voltadas para o questionamento da administração pública são evitadas. Assim, os alunos, sobretudo a juventude, que em breve estará no mercado de trabalho, inclinam-se ao desinteresse por esses assuntos. Isso precisa ser combatido, afinal, de modo análogo a “Alegoria da Caverna”, cunhada pelo filósofo Platão, a qual ressalta que a ausência de pensamento crítico perante a uma situação da realidade limita o indivíduo às sombras do verdadeiro conhecimento sobre tal fato, os estudantes, quando desprovidos do entendimento de um tópico de extrema relevância social, propendem a se tornar alienados.  Fica claro, portanto, a urgência de se modificar esse panorama. Em razão disso, cabe ao Estado, em parceria com órgãos suplementares, por meio engajamento financeiro e de servidores capacitados, promover seminários nos principais centros de convivência dos municípios brasileiros, e que apresentem, de forma clara e objetiva, os investimentos e as propostas do quadro político da região naquele período. Além disso, é preciso que o Ministério da Educação, juntamente com as escolas, inclua o debate político sem viés partidário no cronograma de aulas de história e sociologia, de modo que aborde diferentes percepções históricas e incentive a participação dos alunos. Tais medidas devem ser tomadas com o interesse de descontruir as crenças limitantes enraizadas na comunidade sobre política e estimular a juventude a compreender e refletir sobre o ideal por Aristóteles.