Materiais:
Enviada em: 18/08/2019

Durante a Ditadura Militar brasileira, regime que ocorreu de 1964 a 1985, o movimento “Diretas Já!”, que exigia a aprovação da emenda Dante de Oliveira, contou com a participação de inúmeros jovens insatisfeitos com a falta de liberdade de expressão que o Brasil enfrentava há 18 anos. Dessa forma, percebe-se que o crescimento da participação política do jovem não é uma questão atual, mas é possível afirmar que tem ocorrido de forma deficitária, seja pela desinformação proporcionada pelas vias virtuais, seja pelo descrédito da juventude nos políticos contemporâneos.   A priori, é importante ressaltar que as notícias falsas se dispersaram pelas mídias virtuais e, assim, geraram uma desinformação em massa em relação à política. Conforme afirmou Zygmunt Bauman, vivemos uma modernidade líquida na qual imediatismo e hedonismo predominam sobre preocupações futuras, e, em concordância com o sociólogo, jovens de 16 a 30 anos estão muito vulneráveis a ter sua opinião política influenciada por conteúdo falso, pois, além de ser maioria nas redes sociais, 40% dos jovens compartilham notícias sem analisar seu conteúdo e, logo, sem ter certeza de sua veracidade, conforme dados divulgados pela DNPontocom, pois buscam nestas notícias um meio de ganhar popularidade – ainda que efêmera – nas mídias sociais.    Ademais, também vale destacar que muitos jovens perderam a confiança nos políticos brasileiros. Durante a Primeira República, predominou um cenário de corrupção generalizada na qual os candidatos eram eleitos por meio do “voto de cabresto”, que visava garantir a permanência das elites cafeicultoras no poder. Entretanto, esta política corrupta levou a ascensão de um movimento de revolta formado por jovens tenentes insatisfeitos denominado tenentismo. De maneira análoga, os jovens se encontram desacreditados com a política contemporânea, visto que, após o início da “Lava Jato” – maior investigação de corrupção já realizada no Brasil – em 2014, foram expostos inúmeros escândalos envolvendo lavagem de dinheiro, que levaram os jovens a se mobilizar nas vias sociais, que, infelizmente, não são levadas a serio pelos políticos brasileiros.   Portanto, medidas são necessárias para combater o impasse. Urge que o Ministério da Educação forneça os subsídios necessários para que as escolas de ensino fundamental e médio possam realizar atividades lúdicas, tais como mesas redondas que contem com a participação de professores das matérias história, sociologia e filosofia para discutir sobre as grandes mobilizações que ocorreram durante a história do Brasil, dando ênfase à participação juvenil em cada uma delas, a fim de que os jovens brasileiros criem a consciência de que são capazes de alterar, pouco a pouco, o cenário precário da política contemporânea a partir da associação entre mobilizações virtuais e físicas.