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Enviada em: 27/08/2019

Na série The society, algo misterioso faz desaparecer os adultos da cidade de West Ham, restando apenas jovens, que são obrigados a se organizarem e desenvolverem a política do local. De forma análoga à ficção, a importância da participação política dos mais novos na contemporaneidade vem se tornando cada vez mais evidente. Apesar de tal reconhecimento e da eminência das redes sociais como forte contribuinte dessa prática, nota-se a permanência de obstáculos para uma atuação mais significativa da atual geração no âmbito político.    Em primeiro plano, destaca-se como as novas tecnologias vem sendo utilizadas, principalmente pelos jovens, para impulsionar o engajamento político. As mídias digitais e as redes socias ocupam grande parte do tempo dos adolescentes e, a partir dessas ferramentas, esses têm o acesso à informação, notícias e posicionamentos diversos muito ampliado, o que favorece a formação de opiniões e ideais voltados para o meio social em que vivem. Além disso, movimentos grandiosos foram organizados no mundo virtual, como a Primavera Árabe e as manifestações de junho de 2013 no Brasil, comprovando, assim, a relevância da internet nesse contexto e o poder revolucionário dos jovens.     Contudo, o cenário conturbado que vive a política brasileira e o comodismo gerado pelo "ciberativismo" impedem a plena participação dos jovens nessa esfera. Segundo o filósofo Mquiavel, "não há nada mais difícil ou perigoso do que tomar a frente na introdução de uma mudança", por isso, muitos adolescentes, diante dos inúmeros e lamentáveis casos de corrupção e da polarização muitas vezes extremista que vem sendo característica da política brasileira, acabam adotando uma postura passiva, ou não encontram identificação com alguma vertente pela qual lutaria. Ademais, embora o ativismo nas redes cibernéticas seja importante, não é suficiente se apenas nelas permanecer e não for elevado a ações práticas que realmente possam mudar uma determinada realidade desfavorável.     Logo, medidas são necessárias para que os mais novos possam se sentir motivados, desde cedo, a assumirem uma postura engajada. Para isso, cabe ao Ministério da Educação e da Cultura criar projetos que levem para as escolas a familiarização dos jovens com assuntos políticos. Isso deve ser feito por meio da introdução de disciplinas de filosofia e sociologia também no ensino primário e dos grêmios estudantis, plano que incentiva a cidadania e o exercício da democracia já nessa faixa etária. Dessa forma, será possível a formação de uma geração mais crítica, ciente de suas responsabilidades e que são capazes de transformar o mundo, mesmo sem ajuda dos adultos, como acontece no mundo ficcional de The society.