Materiais:
Enviada em: 31/07/2019

Antes mesmo do Brasil adquirir sua Independência em 1822, e precisar do movimento antropofágico, sua identidade nacional já estava sendo construída. Longas metragens como: “Capitão América: O primeiro Vingador”, mostram o patriotismo americano, sua devoção ao 4 de julho, seu arsenal e o caráter heroico estadunidense mediante as guerras mundiais. Em contrapartida, no Brasil, o filme “Candidato Honesto” satiriza o caráter persuasivo, corruptivo e politicamente incorreto como atributos do brasileiro. Nesse hiato, acrescenta-se que o “jeitinho brasileiro” é um fenômeno histórico que sugere aos nativos características negativas. Desse modo, cabe o debate da sua persistência no cenário atual do país, suas raízes e frutos.       Mormente, contornar a situação para evitar prejuízo ou ganhar proveito é uma habilidade histórica. Com o fito de extraviar ouro, garimpeiros e escravos ousavam escondê-lo dentro de imagens sacras. Desse hábito, surgiu o termo “santo do pau oco”, até hoje, usado para desqualificar alguém. Ainda, vale ressaltar, que essa habilidade de dar um “jeito” é produto de pessoas na contramão da legislação imposta. No caso supracitado, contra os mandos da metrópole de padronizar o ouro que circulava no país dando pouca margem para furtos já recorrentes.       Concomitantemente, nota-se que o “jeitinho brasileiro” é uma manobra, não para ganhar vantagem apenas, mas usada para contornar adversidades. Portanto, infere-se a isso o pensamento do Papa Francisco de que a origem das grandes desigualdades é a pobreza e as estruturas econômicas injustas. Por conseguinte, ainda sobre o extravio do ouro, tratava-se de um pretexto para reverter a carência não suprida pelo sistema colonial da época. Desse modo, sobressai o pensamento da liquidez do Estado, segundo Bauman, que não consegue ainda promover aparatos para que esses indivíduos não recorram à prática imorais.       Destarte, faz-se mister a adoção de uma política que reduza as desigualdades e que reafirme os direitos e deveres do cidadão. Nesse sentido, cabe ao Governo promover assembleias públicas, que, mediante a participação popular, atendam as demandas da população. A exemplo de medidas tem-se a oferta de vagas escolares para crianças e adultos, o incentivo fiscal para empresas que ofereçam qualificação laboral para novos funcionários e a fiscalização de comércios com mercadorias e serviços ilegais. Desse modo, a população será realocada em setores com novas oportunidades fugindo, assim, do “jeitinho brasileiro”. Indubitavelmente, em um futuro promissor, os filmes refletirão um Brasil menos corrupto e mais igualitário.