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Enviada em: 11/08/2019

A capacidade de contornar situações e recorrer a determinadas manobras previamente elaboradas, mesmo que seja necessário algum pequeno ato de corrupção, configuram o chamado "jeitinho brasileiro". Com raízes culturais que remontam o período da colonização, esse "jeitinho" pode ser condenado da mesma maneira que as grandes corrupções dos governantes?    A crise política, no Brasil, fez muitos cidadãos questionarem o que há de corrupto em seu próprio dia-a-dia refletindo se os políticos e empresários não estariam apenas reproduzindo em maior escala, aquilo que já é parte do cotidiano dos brasileiros. As praticas sociais relacionadas a esse modo que o brasileiro possui de esquivar-se de problemas e situações, está diretamente marcada pelo desenrolar histórico como o escambo (troca de favores entre indígenas e portugueses, sem o uso de moeda durante o período pré-colonial); a escravização e o coronelismo impondo o "voto de cabresto" nos primeiros anos da república.    A banalização de transgressões, que vão desde o descumprimento de leis como estacionar veículos em vaga especial à furar filas em locais públicos, demonstra a dificuldade que o brasileiro possui em lidar com situações formais e rígidas, explicadas de forma histórica no livro "Raízes do Brasil" de Sergio Buarque de Holanda. De forma controversa não se pode analisar o "jeitinho brasileiro" de forma totalmente negativa, denotando a grande habilidade e engenho dos cidadãos de lidar com situações complexas constituindo uma estratégia de sobrevivência social de muitos, levando em consideração o cenário vigente..    O "jeitinho brasileiro" atualmente, é visto como característica inerente e enraizada na sociedade nacional. Portanto, é necessário maior punição e rigor por parte das autoridades a todos que pratiquem atos ilícitos, inibindo a cultura da banalização e impunidade e um intenso trabalho de conscientização de valores nas escolas desde a educação primária que abranja também as famílias, atuando na formação de cidadãos conscientes das consequências negativas e que valorizem uma conduta ética, sendo capazes de alterar o cenário recorrente, reprogramando uma identidade nacional, calcada em valores como honestidade e  incorrupção.