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Enviada em: 13/08/2019

Em tempos de relações líquidas de Zigmunt Bauman, nada mais sólido que o jeitinho brasileiro. De fato, esse comportamento descompromissado com as leis e regras trata-se da mais honesta representação da cultura brasileira, que, dia a dia, é reproduzida coletiva e massivamente nos moldes de Adorno e Horkheimer. Por um lado, essa flexibilidade ajuda nas relações interpessoais, mas, em âmbito institucional, revela o caos - bem à moda machadiana do esperto Rubião que fora explorado pelo casal Palha.       Em primeiro lugar, é bom recordar que o jeitinho brasileiro é estimulado historicamente. Em "O Cortiço", de Aluísio de Azevedo, vemos que até mesmo o português Jerônimo abrasileirou-se ao parati e à Rita Baiana. Mário de Andrade relatou que o índio Macunaíma também fora afetado pela desídia. Aliás, o próprio Walt Disney, na política da boa vizinhança americana, mostrou ao resto do mundo que o Zé Carioca é típico brasileiro.     Com efeito, esse indesejado comportamento extrapolara o âmbito social e fora transplantado para a genética da política, causando graves problemas para toda a sociedade brasileira. Ainda em Império, por exemplo, Dom Pedro II pagou as bodas de casamento da princesa Isabel com o erário público. Getúlio Vargas, com seu falso Plano Cohen, melindrou o golpe de 1937, permanecendo indevidamente no poder. Paulo Maluf, granjeando prestígio político pessoal, usou do dinheiro público para presentear os campeões jogadores da seleção brasileira de 1970. Recentemente, o jornal Estado de São Paulo, noticiou que as pedaladas fiscais custaram 15 bilhões de reais ao tesouro nacional. Risos malandros.       Portanto, se quisermos romper com a situação instalada, é necessário investir em educação, pois, tal qual dito por Kant, o cidadão é aquilo que a educação faz dele. É preciso, pois, que o Ministério da Educação treine os professores da rede básica do ensino para que possam educar crianças e adolescentes no sentido de respeitar as leis e as regras sociais e para que sejam mais éticos na vida. Dessa forma, talvez, deixaremos de ter uma honesta representação cultural e seremos honestamente retos no caráter.