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Enviada em: 09/09/2019

O "jeitinho brasileiro" está presente na sociedade há muito tempo. Tal fato é evidenciado no Segundo Reinado com a criação da Lei Eusébio de Queiroz, que impedia o tráfico de escravizados, mas não vetava a escravidão. Essa brecha na lei, conveniente aos aristocratas, originou o termo "para inglês ver", que conecta as raízes sociais brasileiras com a conveniência da desonestidade e institucionaliza a trapaça. Como resultado, o país apresenta um dos maiores índices de corrupção, patologia que contamina cada vez mais a esfera pública.      No cotidiano, pequenos gestos mal intencionados, mas que trazem benefício próprio instantâneo, são frequentemente normalizados e atribuídos como característica da população brasileira. Isso ocorre porque há um sistema de leis que incentiva a desonestidade, deixando brechas àqueles que saibam aproveitar e prejudicando quem precisa da lei como seguro. Além disso, a legislação, quando não é pensada de forma a atender toda a população, principalmente em um país de grande diversidade socioeconômica, fere o princípio constitucional da igualdade e leva ao desencaminhamento de alguns grupos sociais em relação as leis.    O prolongamento desse comportamento, moldado há muitas décadas, cria um estereótipo depreciativo para o Brasil e uma desconfiança geral por parte da população, que percebe a corrupção, mas não o peso de seus próprios atos. Torna-se evidente, portanto, a extrema importância do reforço e da promoção do valor da honestidade, trabalhando o aspecto tanto na esfera pública quanto particular. A longo prazo é necessário que a população estimule uma reforma no sistema legislativo para que ocorra a universalização da aplicação das leis, sem margens para interpretação e, com isso, o cumprimento do princípio da igualdade.