Materiais:
Enviada em: 01/10/2019

Em 1946, um cidadão estrangeiro solicitou um visto a um consulado brasileiro, o indivíduo teve seu pedido registrado sob profissão de agrônomo, quando na verdade ele era médico, para ter seu processo facilitado. Com isso, surgiu o “jeitinho brasileiro”, capacidade dos cidadãos brasileiros de contornar situações que por vezes se mostram insolúveis e a recorrência de manobras previamente elaboradas, que nem sempre se enquadram na legalidade, cujo fim é esquivar-se de problemas. A persistência desse comportamento pode trazer tanto benefícios quanto malefícios, uma vez que se por um lado facilita a vida cotidiana, por outro, quando aplicado à política, torna-se prejudicial.     Percebe-se que, a continuidade do jeitinho brasileiro não pode ser encarada totalmente como negativa, haja vista que a habilidade em lidar com as situações difíceis constituem estratégias de sobrevivência social para muitos. As desigualdades econômicas e a lentidão dos serviços públicos levam os brasileiros a solucionar coisas que estão quebradas em casa ou faltando nas vilas e bairros. O personagem Zé Carioca, criado pelo estúdio americano Walt Disney, representa o Brasil e tem por característica resolver os problemas recorrentes da vida diária, na cidade do Rio de Janeiro, usando a criatividade, improviso e meios pouco convencionais.      Contudo, é preciso enfatizar que a violação das convenções sociais por meio do hábito de improvisar soluções para situações problemáticas traz malefícios à população brasileira porque abre caminho para a corrupção. Nota-se que políticos desonestos utilizam dessa prática para se favorecer, abusando do poder que possuem como governantes para vetar leis contra a corrupção, nas quais seriam condenados. Valendo-se desse comportamento, em 2018, o senador Aécio Neves, aceito como réu no Supremo Tribunal Federal por corrupção, mas após uma série de recursos, teve seu inquérito arquivado e concorreu nas ultimas eleições para senador do estado de Minas Gerais. Assim, perpetua-se a cultura de burlar as regras contribuindo para a estruturação de um profundo esquema de corrupção na política.     Logo, sabe-se que a persistência do jeitinho na sociedade possui um lado ruim que precisa ser combatido.Por isso, é necessário que o Poder Executivo, por meio do Ministério de Justiça e Segurança Pública, fiscalize com maior frequência as ações dos políticos dos poderes legislativo e judiciário, com objetivo de combater manobras políticas e distorção das leis para diminuir a corrupção no país. Além disso, é preciso que o Ministério da Educação, junto as escolas, implemente aulas de educação moral, cívica e inteligência emocional, ministradas por professores de filosofia e sociologia, para ensinar crianças e jovens a como resolver seus problemas sem prejudicar outras pessoas ou de forma ilícita.