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Enviada em: 12/08/2018

No poema "O Navio Negreiro", de Castro Alves, o eu-lírico descreve a miserável vinda dos escravos africanos para o Brasil. Com a abolição da escravatura, a vida desgraçada do negro não teve melhora e, atualmente, esse povo ainda é vítima de um preconceito enraizado culturalmente. Nesse contexto, torna-se evidente a ineficiência das ações imediatistas do Poder Público, uma vez que a solução para cortar as longas raízes do racismo é alterar a sociedade por meio da educação.       Em primeiro plano, vale salientar que a persistência da discriminação contra os negros na comunidade brasileira é decorrente de uma cultura etnocêntrica. Essa percepção da realidade é notável na obra "Casa Grande e Senzala", de Gilberto Freyre, na qual o autor enfatiza a suposta harmonia racial presente no Brasil, entretanto essa visão não condiz com a verdadeira condição do negro no país, haja vista que o escritor pensou a questão do afrodescendente pelo olhar dos brancos privilegiados. Nesse contexto, é inegável que a manutenção do racismo se relaciona com a falta de conhecimento das diferentes realidades de vida na nação, o que torna atos discriminatórios comuns aos olhos da população e ajuda a perdurar grandes desigualdades sociais.       Na segunda análise, é importante enfatizara pouca discussão sobre o racismo no país. O Dia da Consciência Negra, a título de exemplo, é um dos poucos dias do ano no qual a abertura jornalística se preocupa em falar desse preconceito, mesmo sendo a população negra, segundo o site Catraca Livre, a maior afetada em taxas de homicídio de jovens, de desemprego e de encarceramento. Essa visibilidade mínima é um produto da falta de funcionamento efetivo da lei que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história da Africa nas escolas, a qual, apesar de, ao contrário das medidas afirmativas, como as cotas raciais,  buscar por uma mudança nas raízes da cultura do país, obteve poucos resultados, visto que, segundo uma pesquisa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) , a iniciativa para o ensino desse assunto vem do professor. Desse modo, o Brasil falha na educação cidadã dos jovens, que deveria romper com a falta de conhecimento sobre as dificuldades do negro no país.       Portanto, medidas concretas devem ser adotadas para amenizar o quadro de persistência do racismo no país, já que não é mais uma nação escravista, como a retratada por Castro Alves. Logo, é função primordial do Governo Federal fomentar as escolas à instituírem, em sua base curricular, o ensino didático e reflexivo sobre a historia da Africa e do povo negro brasileiro, por meio da aplicação de incentivos fiscais para as instituições de ensino que adotarem essas medidas. Com essa ação, a perseverança da discriminação para com os afrodescendentes diminuirá a partir das bases da sociedade, aumentando a igualdade e o bem-estar desse povo.