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Enviada em: 19/10/2018

Desde 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade da população se declara preta ou parda. Esse dado sozinho causa estranheza ao se pensar que o racismo persiste no Brasil, mas é fácil compreender quando se lembra que em um país com mais de 500 anos de história mais de 300 foram marcados pela escravidão. Sendo assim, é ingênuo pensar que seus efeitos foram superados.                  Inicialmente, é preciso compreender que o racismo não configura apenas a discriminação explícita. Entende-se que o racismo é uma teoria, com raízes políticas estruturantes, de crença em uma raça superior e, dessa maneira, permeia todas as instâncias da vida social. Isso se torna evidente quando vemos um indivíduo negro não só possuir desvantagens no âmbito profissional, mas até mesmo em suas opções de relacionamento, pois um ideário eurocêntrico o priva do gozo do status de igual.      Outrossim, não há como se falar de racismo sem inserir o conceito de colorismo das ciências sociais, que afirma que vivemos em uma sociedade pigmentocrática e, portanto, privilégios são proporcionais ao fenótipo, que, quanto mais branco, mais abundantes são. Isso pode ser exemplificado por pessoas pardas, que podem mimetizar o ideário europeu por meio de pequenas intervenções estéticas, como clareamento de pele e alisamento de cabelo, ao passo que indivíduos de pele retinta são incapazes de se camuflar. De forma agravante, aqueles que se recusam a aderir a estética branca são censurados por sua insubordinação.    Dessa forma, tendo sido o Estado o legitimador do racismo durante séculos, cabe a ele, por meio de leis elaboradas pelo Congresso, romper essa dinâmica, criando cotas proporcionais para todas as esferas do governo, a fim de inserir negros nesses espaços de poder. Essa medida diminuirá a subrepresentatividade que pretos e pardos sempre sofreram e poderá servir de inspiração simbólica para todo o Brasil. Adicionalmente, grupos civis de militância devem continuar trazendo a discussão sobre o racismo a espaços públicos, como universidades e escolas.