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Enviada em: 06/05/2019

A abolição do regime escravocrata ocorreu, no Brasil, em 1888. Apesar do avanço que a assinatura da Lei Áurea proporcionou, não houve uma reparação significativa na sociedade da época, uma vez que a população negra permaneceu sem renda, educação e moradia. Essa realidade se assemelha ao panorama atual, considerando que a raça negra constitui a grande maioria quantitativa dos cidadãos, mas a minoria sociológica mais fragilizada, sobretudo em face de aspectos socioeducacionais.       Em primeira análise, é fundamental ressaltar que a elevada desigualdade social reforça ainda mais o isolamento e, assim, a intolerância pela cor da pele. Consequentemente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, os negros são os que têm os menores salários, os menos escolarizados e mais afetados pela violência, constituindo a maior população carcerária. Nesse contexto, embora tenha ocorrido uma grande inclusão dos grupos segregados historicamente, em meados dos anos 2000, percebe-se que os programas de assistência ainda são insuficientes para efetivar o direito à igualdade racial no Brasil, retroalimentando o ciclo da intolerância.       Por conseguinte, nota-se que os brasileiros vivem sob o mito da democracia de raças, porque o preconceito se revela de modo velado, muitas vezes por meio de brincadeiras, tornando-se banalizado e fazendo parte do cotidiano. De acordo com a filósofa alemã Hannah Arendt, a falta de pensamento crítico produz o sujeito banal, incapaz de questionar as falhas da sociedade. Em contrapartida, ser bom exige um indivíduo profundo, pois corrobora para o exercício da mentalidade, da formação ideológica e da consolidação de valores éticos. Logo, tomando como norte o pensamento da autora, na obra "A Banalidade do Mal", a sociedade evolui à medida em que se aperfeiçoa a educação, pois é a partir do conhecimento que o cidadão se torna ciente do seu papel como agente ativo na sociedade.       Portanto, fica clara a necessidade de desenvolver a mentalidade crítica dos cidadãos, coibindo a herança do regime escravocrata. Para isso, o Estado, em parceria com a Mídia, deve propagar ações de combate, como o Dia da Consciência Negra e a consolidação do racismo como crime inafiançável, a partir de campanhas divulgadas nos meios de comunicação. Além disso, o Ministério da Educação deve inserir seminários e aulas nas escolas, sob os âmbitos histórico e sociológico, de modo a incentivar os alunos à reconhecerem a importância da ancestralidade africana para a construção do país. Expandida, então, a conscientização da sociedade, a luta pela igualdade racial será minimizada, abrindo-se caminhos à empatia, à racionalidade e, assim como dito por Arendt, à profundidade do bem.