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Enviada em: 10/07/2019

Em "Todo Mundo Odeia o Chris", o protagonista Chris Rock é um adolescente negro que sofre agressões físicas e psicológicas constantes devido a sua cor da pele. Embora seja uma obra ficcional, a série apresenta características que se assemelham no contexto atual brasileiro, tendo em vista  que o racismo cresce de forma desenfreada. Indubitavelmente, nesse cenário, a influência da esfera midiática e o descaso governamental na prevenção desse mal, são de grande relevância para o tema. Destarte, faz-se pertinente debater acerca da persistência dessa problemática.         A priori, é imperioso ressaltar que,  de acordo com um  levantamento da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), as produções brasileiras que alcançaram as maiores bilheterias entre 2002 e 2014, tinham apenas 31% do elenco de atores negros. Desse modo, pode-se afirmar que a mídia cria muitos esteriótipos em relação aos personagens afrodescendentes, pois, nessa pequena porcentagem, eles habitualmente não são protagonistas tampouco personagens de sucesso, mas têm papéis de bandidos, favelados e domésticos, por exemplo. Verifica-se, portanto, que a falta de representatividade atua como fator propulsor da mazela em questão, por conseguinte, aumentando a invisibilidade dessa parcela da população.       Outrossim, é válido salientar que, de acordo com  Nelson Mandela, ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar. Sob essa ótica, de forma análoga, pode-se afirmar que é papel do governo criar politicas públicas de prevenção ao racismo, para que haja uma redução significativa desse crime de ódio, entretanto, muitas vezes ele a negligencia. Sendo assim, intuí-se que a falta de programas eficazes para a prevenção do assunto supracitado, mostra a falta de laços e redes capazes de oferecer igualdade ao sujeito e notoriedade a sua aflição.       Diante desse panorama, faz-se imprescindível a tomada de medidas ao entrave abordado. Para tanto, cabe ao Poder Midiático juntamente com Ministério da Cultura, dar espaço ao afrodescendente nos meios artísticos, por meio da apresentação de novelas, séries e documentários, que ofereçam papéis como protagonistas, pessoas boas e de sucesso, a fim de romper com os tabus relacionados à cor de pele. Ademais, é mister que o Governo juntamente com o Ministério da Educação, discuta nas aulas de Sociologia a importância do negro na sociedade e o seu legado cultural, através de rodas de debate e de peças teatrais que tragam similarmente as consequências do racismo, para que os alunos desenvolvam não só a empatia, como também o senso crítico. Espera-se, com isso, que a distopia de Chris Rock, se restrinja a ficção.