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Enviada em: 16/07/2019

O sociólogo Gilberto Freyre defende no livro "Casa Grande e Senzala" que a pluralidade de etnias existente no Brasil constitui a identidade do país. Nesse contexto, Freyre acreditava que as diferenças de core de pele deveriam ser respeitadas. Entretanto, esse respeito apontado pelo pensador não acontece, pois há, ainda, uma persistente inferiorização da raça negra no Brasil. Com efeito, deve-se analisar como a herança histórico-cultural e negligência do Poder Público impedem a resolução desse problema.   Em primeiro plano, evidencia-se que a repetição de comportamentos do passado agrava o racismo no Brasil. Isso acontece porque - de acordo com Pierre Bourdieu - a sociedade incorpora padrões sociais impostos e os reproduzem ao longo das gerações. Como os negros foram trazidos à força para realizar trabalho compulsório no Brasil e, também, tratados como objeto de comercialização, esse povo sempre foi subjugado e inferiorizado na sociedade. Essa mentalidade de inferiorização dos negros é empregada até os dias atuais, o que acontece, por exemplo, nos papeis subalternos desempenhado por negros no cinema. Nessa lógica de repetir a visão do passado apontada pelo filósofo, é imprescindível que o pensamento escravista seja desconstruído no Brasil.   Além disso, a omissão do Estado na integração do afrodescendente na sociedade contribui com a persistência da problemática. Isso porque depois de 1880 - ano da abolição - não houve implementação de políticas públicas para incluir o negro na sociedade brasileira. Em vez disso, o Estado incentivou a imigração europeia para o país, na tentativa de "embranquecer" a população. Essa negligência acarretou na marginalização dos negros, o que, até os dias atuais, os mantém longe de cargos importantes, corroborando, dessa maneira, com o racismo estrutural. Logo, é necessário o Estado concertar o erro histórico e propor medidas para integrar o negro na sociedade, o que, na prática, atenuaria um dos maiores problemas do país: a persistência do racismo.   Urge, portanto, ações para mitigar a permanência da discriminação racial no país. O Ministério da Educação deve, por meio de feiras temáticas, potencializar o ensino da cultura africana nas escolas, com o intuito de desconstruir a mentalidade escravista que perdura na sociedade brasileira desde os tempos da colonização do país. Ademais o Poder Executivo, em parceria com as universidades, deve ampliar e proporcionar a efetiva garantia das políticas afirmativas, por meio de cotas no ensino superior e em concursos públicos. Essa medida geraria mais oportunidades para os negros inserir-se com igualdade no mercado de trabalho, o que, a longo prazo, colocaria os afrodescendentes para ocupar os diversos tipos de cargos no Brasil. Assim, os negros serão respeitados, como desejava Gilberto Freyre.