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Enviada em: 23/03/2017

Racismo que dói na pele. O racismo não existe mais! Quem dera se essa afirmação pudesse ser proferida de forma convicta nos dias hodiernos. Muito se especula que a subjugação de um grupo de pessoas em detrimento de outro, simplesmente pelo teor de melanina na pele é um julgamento totalmente obsoleto. Contudo, as manifestações do preconceito desmistificam essa teoria. O racismo, lamentavelmente, insiste em imperar na sociedade por meio das heranças do passado, que propiciam discrepâncias alarmantes no âmbito educacional e, por conseguinte, no profissional das pessoas afetadas por essa prenoção. A discriminação racial que reverbera nos dias atuais advém do escravagismo, pensamento retrógrado de que um conjunto de pessoas deve ser enaltecido ou menosprezado dependendo do seu tom de pele. É totalmente inconcebível um fator meramente biológico tornar-se uma ferramenta de segregação social, todavia, é o que acontece. Houve a instauração do preconceito e este é transmitido quase que hereditariamente pelas gerações que são influenciadas com essa visão de mundo absurda. O apego a essa “cultura” infundada faz com que os grupos opressores se alarmem quando há a quebra das amarras discriminatórias. Foi o caso da jornalista Maria Júlia Coutinho, que sofreu severas reprimendas e ultrajes por estar à frente da meteorologia do renomado Jornal Nacional.   O preconceito nunca acabou, apenas se transformou ao longo dos tempos, abandonou um viés declarado para adotar um caráter velado e o que corrobora isso são os dados estatísticos. Pesquisas revelam que o número de negros alfabetizados é inferior ao de brancos, também apontam que pessoas de pele clara recebem salários superiores mesmo ocupando os mesmos cargos, o que é revoltante! Forma-se um ciclo vicioso, os pais negros não têm condições financeiras para ofertarem uma educação de qualidade aos seus filhos; logo, os filhos desses filhos também não possuirão oportunidades. Em um mercado de trabalho saturado, somente prevalecem os mais bem instruídos.  Em virtude dos aspectos supracitados, a tomada de consciência é um fator crucial para a mudança de mentalidade das pessoas e isso só será possível por meio de uma educação que preze os princípios da igualdade entre os indivíduos. O poder público deve investir em projetos que promovam o respeito às diferenças; bem como, ampliar as políticas públicas, como a das cotas raciais a fim de expandir as possibilidades para o negro. É premente ofertar meios para a inclusão dessa parcela desfavorecida como uma forma de tentar retratar as marcas do passado, até que se estabeleça um quadro socioeconômico mais harmônico entre brancos e negros. É sempre válido ressaltar que medidas como essas podem atenuar as feridas, no entanto, as cicatrizes nunca serão remediadas.