Materiais:
Enviada em: 06/06/2017

Edvard Munch, pintor expressionista, mostra, em seu quadro "O Grito", um personagem angustiado em relação às perversidades socialmente observadas por ele. Se hoje o autor pudesse refazer a obra, provavelmente não haveria tantas mudanças, visto que o racismo ainda figura-se como uma das mais espantosas mazelas - a qual facilmente seria pincelada nessa remodelação. Por isso, torna-se válido analisar que fatores históricos, verdadeiros causdores do problema, persistem em trazer realidades negativas a parcelas da população.    De início, vê-se que, assim como o sociólogo Durkheim relata, os costumes de um indivíduo são consubstanciados pela vivência em grupo e podem passar a gerações subsequentes. Nesse sentido, encontra-se uma razão histórica para o preconceito com as diferenças humanas. Isso porque, ao longo de quase 300 anos, os negros foram inferiorizados e tidos como aculturados pela colonização etnocêntrica dos europeus. Por ter sido presente em mais da metade dos tempos brasileiros, essa postura de existência de raças superiores se concretizou e, como resultado, ainda é visível hodiernamente. Na copa mundial de 2014, por exemplo, um torcedor, além de chamar de "macaco", mirou e jogou uma banana no atleta brasileiro Daniel Alves.   Diante desse cenário, encontram-se muitas consequências às vítimas. Primeiro, há possíveis danos psicológicos causados pela discriminação. Os xingamentos têm o poder de baixar a autoestima e levar a pessoa à depressão, já que o sentimento de inferioridade pode acabar se fixando. Ademais, notam-se desvantagens aos negros nas relações dentro da sociedade. No mercado trabalhista, por exemplo, dados de 2014 do IBGE apontam que eles ganham, em média, apenas 58% do que um indivíduo da cor branca recebe. Sendo assim, mitigando esse contexto injusto, o governo poderia contratar fiscais para passarem em empresas, com o fito de analisar se, de acordo com o cargo ocupado, há equidade de remuneração entre os trabalhadores. Se constatarem-se casos de diferença salarial motivados pela discriminação ligada à raça, o Poder Judiciário deve multar a instituição.   Destarte, esse quadro perdurável precisa ser revertido. Para tanto, somente ações em realidades trabalhistas não bastam. Logo, cabe Poder Legislativo fazer mudanças nas leis penalizadoras de casos racistas, ao torná-las mais rígidas com um aumento no valor de indenização pago às vitimas e no tempo de cadeia aos infratores. Escolas e a mídia devem propagar essas mudanças, garantindo, assim, maior efetividade. Por fim, com o objetivo de conscientizar os jovens sobre a igualdade racial, o Ministério da Educação poderia dar palestras em escolas e universidades. Dessa forma, o racismo dificilmente poderá ser identificado na imagem "O Grito".