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Enviada em: 09/06/2017

Memória, enfrentamento e mudança      Em 1888, a Princesa Isabel aboliu a escravidão no Brasil através da Lei Áurea. No entanto, ainda é comum na atualidade que afrodescendentes sejam vistos como pessoas inferiores, sendo vitimados frequentemente por atos covardes de violência. Fato que suscita o importante debate acerca da persistência do racismo na sociedade brasileira.      Sigmund Freud, no ensaio "Além do princípio do prazer", discorreu sobre a compulsão à repetição: conflitos impedidos de chegar à consciência são reencenados em atos na realidade repetidamente sem que se perceba. Assim, é fundamental trazer à tona, por mais bárbara que tenha sido, a história da escravidão no país para que ela seja devidamente rememorada e elaborada.      Em Berlim, por exemplo, há um museu sobre o Holocausto. No Rio de Janeiro, no exato local onde mais de cinco milhões de escravos desembarcaram, foi construído o Museu do Amanhã. Os crimes cometidos contra a população negra é uma ferida aberta que o Brasil insiste em apenas disfarçar.      Sendo assim, convém lembrar que o Brasil foi o último país do mundo a extinguir a escravidão, além de não ter estabelecido nenhuma medida para a inserção dessa população ao gozo de direitos civis fundamentais. Os ex-escravos continuaram marginalizados e desamparados, o Estado lhes concedeu liberdade, mas não a cidadania, o que contribuiu muito para a continuidade das práticas discriminatórias através do tempo.      Portanto, evidencia-se que o racismo possui raízes históricas profundas no país, e que, além das penalizações criminais específicas já existentes, ele também deve ser combatido na dimensão simbólica. Desse modo, cabe ao Ministério da Cultura fomentar a construção de museus sobre o período da escravatura, além de organizar exposições itinerantes nas escolas durante todo o ano e que percorram todo o território nacional. “O tempo é sempre certo para fazer o que está certo” (Martin Luther King).