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Enviada em: 29/10/2017

Som de preto, de favelado       Parafraseando Makota Valdina, educadora brasileira, o negro não descente de escravos e, sim de seres humanos que foram escravizados. Entender que a sociedade é produto de um enorme caldeirão de culturas, hábitos, histórias é possibilitar a mudança e extinguir o racismo numa sociedade que ainda insiste em preservar raízes escravocratas.      O preconceito não é privilégio da raça, embora exista concomitantemente com a condição econômica. A descrição dos excluídos no Brasil se uniformiza: negro, pobre e favelado. A luta para conter essa reprodução de modelo é feita por meio da educação e do Estado mais igualitário com ações afirmativas nas universidades, por exemplo. Uma grande aliada nesse combate é a informação sobre tudo a internet, que denuncia os acontecimentos ao mesmo tempo em que enaltece ações.       Outro cúmplice é o mundo das artes, que apresenta poeticamente cenas emblemáticas do cotidiano brasileiro como no filme, a que horas ela volta?, no qual a atriz Regina Casé atua como empregada doméstica que é subjugada pela patroa. Essa esfera tem a capacidade de nos fazer questionar e modalizar a percepção sobre abusos e injustiças sociais, bem como a sociedade se enxerga reproduzindo situações semelhantes.       Garantir que um jovem negro possa frequentar qualquer lugar sem que tenha que passar pelo constrangimento de ser revistado ou questionado é um dos vários objetivos do poder legislativo, focado em grupos minoritários no tocante à representatividade. A formulação de leis que visam atenuar essa categorização racial é outro meio para desconstrução desse preconceito tão nocivo para uma sociedade que teve e os tem como base fundamental para o país.      Na terra de papagaios, permanece o hábito de hierarquizar a sociedade, contudo, com um ensino de qualidade, buscará para redescobrir um país com uma rica e diversa cultura para o fim da discriminação. A obrigatoriedade do ensino da história africana no ensino regular deve ser implementada o quanto antes, dessa maneira sanar dívida histórica. Leis que promovam o ingresso de negros no mercado de trabalho com porcentagem da equipe, como já é feito em algumas empresas quando se trata do gênero feminino. O Ministério da Educação deve criar uma agenda política para que a partir dela ocorram seminários onde educadores discutam meios de inserção da cultura africana no cotidiano brasileiro, garantindo um maior apreço. Ao persistirem dúvidas, basta se lembrar de Nelson Mandela dizendo eu ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem, ou ainda por sua religião e, se aprendeu a odiar, também pode ser ensinada a amar.