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Enviada em: 19/07/2019

No livro "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago, o autor discute sobre a indignação seletiva, afirmando que a sociedade atual incentiva a insensibilidade pelo próximo ao fechar os olhos para problemas importantes, parafraseando o ditado "o pior cego é aquele que não quer ver". Como resultado, isso eleva os níveis de exclusão e invisibilidade social, principalmente da população em situação de rua no Brasil, que sofre com o descaso da Nação. Por isso, é necessário atuar em busca de dignidade e garantia dos direitos básicos para esse público.    Nesse contexto, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome, drogas e desemprego são os principais fatores que levam as pessoas morar na rua. Isso é fruto da falta de políticas públicas efetivas em relação às drogas e de apoio socioeconômico aos indivíduos por parte do Governo, que nunca garantiu efetivamente acesso à saúde, a educação, a alimentação e a moradia para todos os cidadãos brasileiros, um dos pilares da Constituição Federal. Ademais, essa parcela populacional é aparentemente descaracterizada do seu papel de cidadão, uma vez que, por estarem à margem do ideal capitalista atual, são tratados como seres invisíveis.    Desta forma, o poema de Manuel Bandeira “O Bicho” na passagem “não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem” torna possível imaginar a situação dos moradores de rua no brasil, que são animalizados por falta de adjetivos que caracterizem tamanha falta de dignidade em suas condições de vida. Além da fome, obstáculos como violência, marginalização, falta de vestimentas, drogas e analfabetização impedem a ressocialização dessas pessoas, assim como a perda da sensibilidade pelo próximo por parte da sociedade, pois a falta de indignação das pessoas é o que permite que a situação continue imutável.   Portanto, é imprescindível resgatar os cidadãos em situação de rua. Para tanto, em primeiro lugar, é necessário que o Ministério do Desenvolvimento Social forneça alimentos, vestimentas e moradia para os moradores de rua. Após isso, é preciso oferecer educação básica, cursos profissionalizantes e apoio psicológico, principalmente aos usuários de drogas, por meio de trabalhos em grupo conduzidos por profissionais e voluntários, para também ajudar a recuperar a empatia pelo própria espécie, pois assim o indivíduo seria reacolhido pela nação e poderia ter uma vida digna novamente.