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Enviada em: 08/06/2019

No livro "Cegueira Moral" do sociólogo Zygmunt Bauman, o autor aborda por meio de diálogos com o filósofo Leonidas Dankis, a falta de sensibilidade dos homens modernos em meio às dores dos seus semelhantes. Nesse sentido, ao analisar o enorme número de moradores de rua no Brasil percebe-se que a indiferença com o semelhante, descrita por Bauman, é algo extremamente presente no século  XXI: gradativamente, a mentalidade social da população e a falta de ação governamental  corroboram para a liquidez das relações sociais.    Deve-se pontuar, de início, que a mentalidade social configura-se como um grave empecilho a solucionar a questão de ajuda aos que vivem nas ruas. Conforme Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de pensar. Sob essa lógica, é possível perceber que a pouca preocupação com o estado do próximo, é fortemente influenciado pelo pensamento coletivo, uma vez que, se as pessoas crescem inseridas em um contexto social de competição e insensibilidade a tendencia é adotar esse comportamento também, o que torna a solução ainda mais complexa. Assim, a falta de oportunidade e a exclusão social vivenciada por residentes das ruas, em estabelecimentos públicos e privados, ajuda no aumento da "Cegueira Moral" citada por Bauman.    Além do mais, ressalta-se que a pouca efetividade da ação governamental também configura-se como um entrave no que tange à o problema. Nessa perspectiva, a máxima de Martin Luther King de que "a injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo lugar" cabe perfeitamente. Desse modo, tem-se como consequência a generalização da injustiça e a prevalência do sentimento de insegurança coletiva no que tange a resolução dos problemas sociais, por parte do Governo, tornando o cidadão morador de rua, um esquecido pelos direitos a moradia, bem estar social, entre outros previstos pela  Constituição Federal de 1988.    Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para resolver esses entraves. Assim, o Governo, com o apoio de ONGs especializadas, devem desenvolver ações que revertam a situação dos habitantes sem moradia. Tais ações devem ocorrer por meio de oficinas de capacitação e ações de cunho sanitários, integradas a palestras que podem ser ministradas por membros voluntários da sociedade, sobre dificuldades e obstáculos já vivenciado e superados na vida. Nessa palestra seria viável que além dos moradores de rua fosse, também, aberta ao público afim de que haja uma maior integração da sociedade e uma sensibilidade com as dificuldades que qualquer ser humano pode passar, para que, dessa maneira, possa-se ganhar uma nova visão de moralidade.