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Enviada em: 23/06/2019

(Des) construção humana     Preconceito, exclusão social, sentimento de invisibilidade. Diversos são os desafios enfrentados pelas pessoas em situação de rua no Brasil. Ao longo da história nacional, o preconceito e a indiferença para com os mais necessitados perpassou a identidade do país e fez-se regra de forma sistemática. Com efeito, esse panorama de desconstrução humana, fruto do descaso estatal e do preconceito social, mostra-se um desafio a ser superado com urgência, porquanto alicerça uma sociedade submersa na falta de empatia em relação ao outro.     Em primeira instância, a ineficácia do Estado em reverter o cenário de desigualdade social instaurado  no país fomenta um complexo cenário de injustiça para grande parcela de brasileiros - em especial, para os que moram nas ruas -, haja vista que eles permanecem à margem da sociedade e vivem em situações desumanas. Além disso, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada, cerca de 101 mil pessoas estão em situação de rua no território nacional. Cabe ressaltar, também, que a manutenção dessa situação possui estreita relação com o modelo socioeconômico vigente, o qual não busca desconstruir essa realidade, de modo a não aumentar gastos públicos.     Em um segundo plano, o preconceito da população intensifica essa realidade de exclusão social vivida pelos moradores de rua, visto que fazem-nos sentir invisíveis perante a sociedade. Ademais, essa conjuntura materializa com nitidez a concepção de Banalidade do Mal, refletida por Hannah Arendt, cuja base filosófica buscava compreender como atitudes negativas e injustas podem ser naturalizadas por um povo. Com isso, tal reflexão reaviva a problemática enfrentada atualmente, na qual os cidadãos brasileiros parecem não se importar com pessoas que vivem à margem da sociedade, de modo que essa grave situação ainda se faz vividamente presente no contexto nacional.      Portanto, é perceptível que o descaso Estatal e o preconceito social são desafios para a redução do quantitativo de pessoas em situação de rua no país. Visto isso, a fim de garantir acentuada melhora nesse panorama, cabe ao Governo Federal, via Ministério da Cidadania, por meio do redirecionamento de verbas, criar centros de acolhimento para receber os moradores de rua, além de oferecer cursos profissionalizantes gratuitos e assistência psicológica, de forma a facilitar a reintegração social dessas pessoas. Adicionalmente, a mídia deve realizar propagandas que conscientizem a população acerca dessa problemática. Dessa maneira, a concepção de Hannah Arendt não mais será uma realidade tangível no Brasil.