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Enviada em: 01/07/2019

Na aclamada obra modernista, Capitães da Areia, o seu autor, Jorge Amado, descreve os desafios diários para suprir as necessidades básicas para indivíduos em situação de rua. Analogamente, no Brasil, essa realidade ainda persiste e muitos cidadãos não possuem um lar e nem condições dignas de vida. Diante disso, é importante analisar como a falha de políticas públicas e o preconceito da população com esses indivíduos perpetuam o problema.        No que concerne à problemática, é notável que o sistema público se mostrou ineficaz na resolução dessa questão. Nesse sentido, a ineficácia dos projetos já existentes se confirma ao analisar que o problema ainda persiste em níveis preocupantes em todo o território nacional, visto que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, existem mais de 100.000 pessoas no país em situação de rua. Desse modo, percebe-se, em projetos como, por exemplo, a Política Nacional para a População em Situação de Rua, falhas em seu objetivo primário de garantir dignidade a esses indivíduos e, como consequência, persiste o alto e crescente número de moradores de rua pelo país.        Outrossim, o preconceito da população em geral é outro fator fundamental que corrobora com a perpetuação dessa realidade. Isso ocorre pois, conforme o filósofo Zygmunt Bauman afirma em sua obra, vive-se em tempos líquidos, metáfora para uma sociedade em que se preza pelo individualismo e pelo enfraquecimento das relações entre os seres, logo, há também o desaparecimento da empatia. Nesse viés, percebe-se a manifestação desse caráter social ao analisar a pouca visibilidade de ações como, por exemplo, o Projeto RUAS, que promove a interação entre moradores de ruas e residente locais de modo a ajudá-los. Consequentemente, essas concepções enraizadas no corpo social são entraves para o a solução dessa problemática que, então, persiste e cresce no país. Fica evidente, portanto, que a falha nas políticas públicas, aliada ao preconceito da população contra indivíduos em situação de rua, são os motores dessa querela.        Em razão disso, o Ministério da Cidadania deve fortalecer os projetos já existentes para auxiliar a reinserção de moradores de rua na sociedade, por meio do direcionamento de verba federal para esse fim e supervisão constante, de modo a garantir a chance de mudança de vida para esses indivíduos. Cabe, também, às ONGs relacionadas a esse âmbito conscientizarem a população, por meio de folhetos informativos distribuídos em bairros pelos seus membros, com intuito de remover a estigma negativa sobre os moradores de rua e mostrar, aos moradores, vias para ajudá-los. Sendo assim, é possível, então, manter a realidade descrita por Jorge Amado somente na ficção e longe da realidade.