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Enviada em: 15/08/2019

O documentário “Eu existo”, de 2012, relata a história de pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo, as quais deixaram seus contextos habituais devido à instabilidade econômica ou conflitos familiares. Nesse sentido, o enredo foca na rotina conturbada dos indivíduos e expõe os impasses que eles enfrentam diariamente, tais como: discriminação, agressões e privação de direitos básicos. Fora da narrativa, esse cenário de desrespeito à população de rua ainda está presente no cotidiano brasileiro e tornou-se um problema urbano, visto que – seja pela desigualdade social, ora pela ineficiência estatal – amplia casos de dependência química e compromete o bem-estar dessas pessoas.       A princípio, cabe analisar a disparidade social sob a visão de “Lutas de Classes” do filósofo alemão Karl Marx. Segundo o autor, a concentração de renda nas mãos de poucos faz com que contextos sociais sejam influenciados pelas condições econômicas. Analogamente, parte da população com baixo poder aquisitivo – a qual não tem oportunidades de moradia, emprego e educação qualificada – é submetida a viver nas ruas, em condições vulneráveis e desumanas, simplesmente por apresentar um aspecto econômico desfavorecido. Por consequência, tais indivíduos acabam por ficar expostos a violências físicas e morais, além de ampliar o consumo de substâncias nocivas, como álcool e drogas.    Ademais, além da desigualdade social, o papel ineficiente do governo também corrobora na problemática e convém ser contestado sob a perspectiva do filósofo inglês John Locke. Segundo o autor, a sociedade, em seu estado de natureza, possui o direito à vida, à liberdade e à propriedade, que devem ser preservados pelo governo. Dessa forma, o atual poder público contradiz esse pensamento ao promover poucos programas de assistência coletiva para a população de rua, os quais, frequentemente, oferecem alojamentos sem estrutura qualificada e não conseguem prestar apoio físico e psicológico para a ampla demanda de cidadãos. Logo, observa-se, cada vez mais, a ausência de auxílios básicos para pessoas em situação de rua, o que consolida a invisibilidade social dessa minoria popular.     Diante disso, torna-se evidente que medidas devem ser tomadas. Para isso, ONGs de assistência social, com apoio do Ministério da Educação, devem criar projetos de combate à desigualdade, de modo a oferecer, com oficinas pedagógicas, cursos de capacitação e profissionalização para cidadãos que vivem nas ruas. Dessa forma, será possível reintegrá-los socialmente e garantir oportunidades econômicas para essas pessoas saírem desse contexto. Além disso, o governo, por meio de verbas públicas, deve fortalecer e ampliar programas de auxílio moradia para tais indivíduos, a fim de garantir domicílios com estrutura qualificada e inibir cenários de violência e descaso, assim como os do documentário “Eu existo”.