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Enviada em: 17/08/2019

Na adaptação cinematográfica "Jogos Vorazes", é retratada uma sociedade distópica, na qual jovens participam, involuntariamente, de disputas mortais pela sobrevivência, comandadas pelo governo como entretenimento para as famílias da nobreza. Contrariando a ideia de utopia apresentada nessa obra, é comum que a vida nas ruas brasileiras seja descrita como um espetáculo de invisibilidade financiado pelo Estado. Analogamente, a população de rua, no Brasil, além de conviver com o preconceito e a violência, sofrem com o descaso das autoridades públicas, que desrespeitam seus direitos de cidadãos e reforçam essa conjuntura marginalizadora.       A priori, ao desconsiderar que a situação de "sem teto" pode ser desencadeada por outros fatores além do vício, como o desemprego e as desavenças familiares, esse grupo social acaba sofrendo com o estereótipo de "bandido", o que contribui, ainda mais, para a sua coisificação - conceito marxista para a sociedade capitalista que transformou seres humanos em coisas - e intensificação da violência. A saber, só em 2017, no estado de Alagoas, mais de 40 pessoas em situação de rua foram assassinadas, segundo dados do Movimento Nacional da População de Rua em Alagoas. Dessa forma, o agravamento da invisibilidade faz com que muitas pessoas, fora desse âmbito, desenvolvam antipatia e senso de superioridade, o que causa no marginalizado a sensação de subumanidade, como retratado na música de Gabriel Pensador "O resto do mundo" na qual o eu lírico deseja viver sob um teto, nem que seja em uma favela, pois, na rua ele é tratado como resto.       Por outro lado, além do preconceito, a população em situação de rua sofre com a repreensão policial, que confisca materiais utilizados como meio de sustento, por exemplo, carrinhos, papéis reciclados e bijuterias. Ademais, muitas prefeituras lançam projetos de limpeza urbana que visam realocar moradores de rua para lugares mais afastados do centro, não fornecendo alternativas a longo prazo para transformar a realidade dessas pessoas, mascarando, o real problema. Outrossim, os albergues disponibilizados pelo município, não são, em sua grande maioria, lugares higienizados e humanizados, além de não possuírem vagas suficientes para atender uma demanda que só cresce.       Destarte, é imprescindível que o Governo Federal, com parceria do Ministério de Desenvolvimento Social das Cidades, promova um comitê de discussão de políticas públicas que mudem a realidade dessas pessoas por meio de projetos econômicos, a saber, reformas em albergues, colaboração com Ong's para realização de cursos de aperfeiçoamento técnico, e incentivos fiscais a empresas que desenvolvam iniciativas de inclusão social. Ademais, é necessário remodelar como as prefeituras lidam com essa problemática, evitando assim a continuidade dessa marginalização social.