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Enviada em: 03/10/2017

No mundo dos quadrinhos, o personagem Batman -também conhecido como Bruce Wayne- viu os pais serem assassinados quando tinha apenas oito anos de idade, inconformado com o fato de os criminosos nunca terem sido punidos, Bruce cresceu com desejo de vingança e se tornou um "justiceiro", capturando e combatendo bandidos com as próprias mãos. Fora dos gibis, tais problemas são uma realidade no Brasil, onde é visível o inconformismo da população com a atuação do Sistema Judiciário no país e muitos se veem obrigados a fazer justiça com as próprias mãos.      A causa dessa adversidade é a extrema burocracia do Sistema Judiciário que atrasa os julgamentos, fazendo com que o réu permaneça solto por um grande período de tempo, assim, cometendo mais crimes e muitas vezes não sendo punido. Além disso, esse tipo de crime ocorre em contextos dominados pelo medo, onde as pessoas se sentem desprotegidas e a sensação de impunidade paira em lugares onde o Estado está presente de forma precária.      Dentre as diversas formas que a população encontra de punir esses criminosos, os mais frequentes são os casos de linchamento. Segundo dados do site Nexo Jornal, o Brasil tem pelo menos um caso de linchamento por dia, e nas últimas seis décadas, estima-se que um milhão de pessoas tenham participado de algum caso de violência coletiva no país. Entretanto, apoiar esse tipo de justiça é muito perigoso, pois faz com que essas pessoas se sintam juízes, atribuindo a eles poderes acima do poder do Estado. Além de, muitas vezes, as pessoas que são agredidas serem inocentes, a exemplo, um caso ocorrido na cidade do Paraná, onde um homem, foi espancado até a morte, acusado de ter sido avistado tocando as partes íntimas de duas crianças, porém um exame de corpo de delito nas crianças descartou os abusos. A atuação desses revoltosos foi uma prova incontestável de que fazer justiça por conta própria está na contramão do que preconiza o Estado Democrático de Direito, que têm o contraditório e a ampla defesa como garantias constitucionais.     Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Jugar e punir é função do Estado, sendo assim imprescindível que o Governo institua leis que amparem as vítimas e ao mesmo tempo, garanta ações do Estado contra os criminosos. Ademais, é necessário, através de campanhas midiáticas, a conscientização dos usuários das redes sociais, de certificarem as informações que são compartilhadas, evitando, assim, os linchamentos.