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Enviada em: 10/10/2017

O filósofo brasileiro Mário Sérgio Portella, em entrevista à Rede Vida, afirma que "a vingança não é uma forma de justiça, mas apenas o troco do que não devia". Diante dessa perspectiva, podemos entender que os justiceiros constituem um poder paralelo ao do Estado, cujas ações não funcionam exatamente como justiça, mas sim como justiçamento, o que é inaceitável em uma sociedade democrática.       Abordando, ainda, sobre a importância e a necessidade do Poder Judiciário, Portella também defende que "o homem não é um ser confiável o suficiente para fazer justiça e, por isso, devemos criar instituições que possam fazer isso". Suas afirmações são totalmente pertinentes, pois, desde a Grécia e Roma antigas, tornou-se evidente que o poder centralizado aliado à ausência do Judiciário provoca verdadeiros massacres, uma violência sem limites, erroneamente chamada de "justiça".       A justiça com as próprias mãos é defendida por muitos como sendo a única saída para acabar com a impunidade no Brasil. No entanto, não devemos nos esquecer de que essa prática não é legítima de cidadãos de bem, pelo contrário, ela é amplamente utilizada por bandidos, visto que esses não têm o apoio do estado para resolver impasses entre quadrilhas rivais. Além disso, até mesmo para as gangues e quadrilhas o justiçamento é ineficaz, pois foi responsável, por exemplo, pelo enfraquecimento das máfias italianas nos Estados Unidos no final do século XX.       Portanto, conclui-se que essa prática no Brasil deve ser combatida com as armas certas. Isso pode ser feito principalmente através de ações que promovam maior competência e agilidade ao Poder Judiciário brasileiro. Para tanto, o governo deve, não apenas formar mais policiais, como também oferecer maior qualificação e recursos à polícia que já existe, com o fito de assegurar a segurança de todos e evitar a impunidade. Desta forma, o cidadão entenderá que a instituição responsável por defendê-lo já está efetivamente fazendo sua parte e que não precisará sujar suas próprias mãos para defender sua honra.