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Enviada em: 08/10/2017

No Brasil, a prática de justiça com as próprias mãos tem aumentado consideravelmente. Este contexto, demonstra falhas no contrato social e revela o comportamento do homem no Estado de Natureza como foi caracterizado pelo filósofo Thomas Hobbes. Logo, convém analisar esses conceitos para compreender as causas e a gravidade dos atos de justiçamento.     Primeiramente, é preciso considerar que quando Hobbes afirma sobre a importância do contrato social está ressaltando a necessidade dos indivíduos de abdicarem da soberania de suas vontades individuais em prol de sua segurança e da coletividade. Isso ocorre, pois o Estado deve possuir o poder de criar leis e punir aqueles que não a respeitarem, contribuindo assim, para ordem social. Desse modo, quando os indivíduos, que cumprem o papel de obedecer a legislação, presenciam um criminoso ficando impune, geralmente, são movidos por sentimento de revolta e vingança os quais desencadeiam os atos de justiçamento. Esse comportamento reflete o primórdio das civilizações, em que o ser humano possuía baixa racionalidade e agia, muitas vezes, por instinto. Portanto, é notável que a ausência de atuação do governo gera instabilidade social.      Além disso, como ressaltado por um trecho da música da artista Pitty: "tudo é motivo pra jorrar sangue cada vez mais", essa composição representa o ambiente hostil e intolerante dos dias atuais. Logo, surge assim, o Estado de natureza caracterizado pelo filósofo como um mundo sem regras, em que o ser humano depende unicamente de sua força e existe o temor constante de morte violenta, ou seja, representa uma civilização sem um contrato social. Diante disso, com as falhas do Poder Público, atrocidades como a ocorrida com Fabiane de Freitas, mulher a qual foi confundida com uma sequestradora de crianças, em seguida sofreu agressões físicas da população local que conduziram a sua morte. Este caso, demonstra um retrocesso da mentalidade de grande parte da população brasileira.     É fundamental, portanto, que os órgãos governamentais impeçam que esses crimes continuem acontecendo com o objetivo de harmonizar a sociedade. Para isso, o poder legislativo poderia criar uma lei que criminalizasse os atos de justiçamento e punisse os justiceiros com uma pena severa, assim poderia estar impedindo que muitas pessoas sintam-se que é certo fazer justiça com as próprias mãos. Ademais, o poder estadual deveria aumentar a quantidade de postos policiais, principalmente nos bairros em que acontece maior quantidade de crimes, para que os marginais possam ser punidos com mais rapidez e serem levados para os presídios. Essa medida evitaria que a população senti-se falta de atuação do Estado.