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Enviada em: 05/10/2017

Segundo Sygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais, políticas e econômicas é característica da "modernidade líquida" vivida no século XX. Nesse contexto, a prática da justiça com as próprias mãos oriunda do descrédito com o judiciário, bem como dos efeitos gerados pela animalização das condutas humanas, é reflexo negativo dessa realidade.       A princípio, o problema tem origem na perspectiva da ausência da justiça legalmente instituída. Nesse sentido, cabe salientar que a demora processual e burocrática do julgamento de criminosos produz na sociedade um efeito de impunidade. Assim, a população, à margem de uma justiça lenta e dificultosa, busca a celeridade do julgamento humano pela via criminosa, ora representada pelos sucessivos episódios de linchamentos de ladrões, estupradores e pedófilos.      Outros fatores preocupantes estão relacionados com os impulsos humanos animalescos e suas origens. Nesse contexto, é importante que a sociedade conheça esses distúrbios e saiba como lidar com essas situações. Dessa forma, educar a população sobre o conceito e consequências do crime praticado contra o criminoso é necessário. Assim, parafraseando Paulo Freire, é importante que seja celebrado na comunidade a "cultura da paz" a partir da educação pela paz.       O combate à liquidez citada anteriormente, a fim de conter o avanço da justiça com as próprias mãos, deve tornar-se efetivo, uma vez que representa um retrocesso social. Desse modo, é importante que o Poder Judiciário, por meio de mutirões processuais, estimule a celeridade processual, com intuito de reduzir a sensação de impunidade. Além disso, urge que a imprensa televisiva, por meio de campanhas educativas e informativas, esclareça sobre a tipificação do crime de linchamento, com fito na diminuição dessa problemática. Por fim, a Comissão de Direitos Humanos da OAB precisa intensificar o combate a essa problemática a partir do seu poder fiscalizatório, com a finalidade de proteção social.