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Enviada em: 09/10/2017

A verdadeira justiça está na sala de aula       O antropólogo Darcy Ribeiro disse em 1982 que se os governantes não construíssem escolas naquele momento, em 20 anos não haveria dinheiro suficiente para construção de presídios. O fato de parcela significativa da sociedade simpatizar com a famosa Lei de talião reflete a total insatisfação da população com a "cultura da impunidade" cada vez mais em evidência na mídia jornalística, fruto justamente dessa inversão de valores mencionada. É também a manifestação de uma política de segurança pública falida e ineficaz, com a ascendência constante da violência. Face a esse panorama, o cidadão, por si ou em grupo, sente-se legitimado a fazer a sua própria justiça, muitas vezes ignorando totalmente princípios basilares do direito e da Constituição como a ampla defesa e o contraditório, emitindo juízos muitas vezes equivocados que acabam apenas por perpetuar a injustiça e o crime.        A reversão dessa perspectiva é bastante complexa mas deve consistir principalmente em uma urgente valorização da educação no país através da motivação de professores ganhando salários dignos e escolas equipadas, em quantidades suficientes e seguras, com planejamento pedagógico eficiente.  Ao contrário do que se imagina, a mudança na legislação penal é desejável mas o direito penal não pode ser visto como uma forma de moralizar a população, papel esse que cabe à educação. Ademais, é sabido que aumento da pena de determinado crime previsto em lei não inibe os criminosos de o praticar. A sensação de impunidade persiste e com ela os argumentos para que se faça justiça com as próprias mãos.        Assim, a educação capacita o indivíduo para a vida muitas vezes evitando a sua incursão na prática de crimes justificando ser assim uma medida muito mais efetiva para coibir a ação de "justiceiros" justamente pela desnecessidade de tal prática.