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Enviada em: 20/10/2017

Nas últimas décadas, o aumento da criminalidade e da violência somado a leis brandas e aos casos expostos pela mídia do poder judiciário favorecendo apenas um extrato da sociedade, culminou para a população em uma sensação de impunidade e descrédito em relação às autoridades vigentes. Essa combinação de fatores levou os brasileiros a fazerem justiça com as próprias mãos.   Para o filósofo grego Aristóteles, em seus melhores momentos o ser humano é o animal mais nobre, mas longe da lei e da justiça ele é o pior. Analogamente, os sentimentos de vulnerabilidade e insegurança remetem a população a um cenário caótico, onde lei e justiça são inexistentes na prática. Esse ceticismo, portanto, imbui a sociedade a pôr de lado sua civilidade e cometer atos equivocados e animalescos que contrariam os princípios morais e éticos.   Nessa conjuntura, a polícia brasileira desempenha um papel crucial na disseminação do ódio e da intolerância. Dados apontam que o Brasil tem o maior número de casos de letalidade policial no mundo. Entretanto, culpar unicamente a polícia por essa problemática é desonesto, haja vista que diversos outros levantamentos revelam que o país também é detentor de uma das maiores taxas de homicídios de civis e policiais, evidenciando uma sociedade violenta de forma generalizada. Infere-se, assim, que a forma de agir dos agentes de segurança pública condiz com o clamor de justiça da população que, frustrada com o poder público e as autoridades competentes, ignora o fato de que essa justiça se faça de forma primitiva, bruta e cruel.   Em suma, os anseios de se fazer justiça com as próprias mãos estão intrinsecamente ligados a um sistema judiciário e legislativo falhos e uma polícia despreparada. É preciso, deste modo, uma reformulação das leis, tornando-as mais rigorosas e aplicando-as igualmente a todos. Outrossim, é imprescindível uma melhor preparação dos policiais que, como braços da lei, devem ser exemplos para a população. Para tal, exigir uma formação em cursos superiores que lhes garantam maior capacidade de pensamento crítico e assim uma melhor qualificação, é uma solução eficiente. Por fim, notoriamente, um maior investimento na educação para a população é e sempre será, a longo prazo, uma excelente arma contra a intolerância e a violência.